PERSPECTIVAS FILOSÓFICAS DA ESPIRITUALIDADE NA EDUCAÇÃO

PERSPECTIVAS FILOSÓFICAS DA ESPIRITUALIDADE NA EDUCAÇÃO

Valdeci Antônio Dorneles [1]

RESUMO

Este estudo procura refletir acerca das perspectivas filosóficas da espiritualidade na educação a partir de pesquisa bibliográfica. O objetivo geral desse trabalho foi pensar através da produção teórica existente, as possíveis relações entre Filosofia, Cristianismo e Educação, bem como a sua relevância nas relações humanas que se processam no espaço educativo. Percebe-se em certos pontos que as ideias convergem, assim como em outros se tornam controversos. Porém, a possibilidade de compreender o modelo de Cristo como direcionamento de postura de vida e comportamentos, poderá servir para conquistar avanços extraordinários no resgate de valores, princípios e atitudes que fazem muita diferença na vida humana. Como a paz, o amor ao próximo e a intencionalidade pedagógica que remete a qualidade de vida, transcendendo o conteúdo e a própria ciência.


[1] Pedagogo – Supervisão e Administração escolar – FEEVALE – Novo Hamburgo, ano 2000. SOCIOLOGIA, UNIP – Ator, mágico e diretor artístico. Especialização em Biodança – Federation Internationale de Education Phisique/FIEP. Foi assessor da coordenação da subsecretaria do menor de Campo Bom, de 1989 a 1996 – órgão que coordena 21 núcleos de trabalhos com crianças – Educação Infantil e atividades extra classe com alunos de 0 a 14 anos. Implantação de trabalhos com meninos em situação de rua em Campo Bom. Pesquisador e escritor de 02 livros já publicados e de 2 CD’s com uma coletânea de músicas do folclore infantil e músicas para brincar.

Palavras-chave:

Espiritualidade, Educação, Filosofia, Deus, Ensino

PERSPECTIVAS FILOSÓFICAS DA ESPIRITUALIDADE NA EDUCAÇÃO

O presente artigo cumpre a designação do curso de Metodologia do Ensino de Filosofia e é resultado de um trabalho de pesquisa bibliográfica sobre as perspectivas filosóficas da espiritualidade na educação.

Sendo assim, as reflexões epistemológicas acerca do assunto, despertaram mais dúvidas do que certezas, mais perguntas do que respostas. Porém, provocou o entendimento que a espiritualidade é uma ferramenta de suporte transversal de grande relevância para a educação. 

Como afirma mestre Rubem Alves em “A alegria de Ensinar” A educação, fascinada pelo conhecimento do mundo, esqueceu-se de que sua vocação é despertar o potencial único que jaz adormecido em cada estudante. Daí o paradoxo com que sempre nos defrontamos: quanto maior o conhecimento, menor a sabedoria.

Nesse sentido, incluir a espiritualidade no ensino, supera a própria ciência. É ir além de uma dimensão terrena com conteúdos fragmentados, pois inclui os recursos da fé, dos valores e princípios da vida, que elevam o ser humano a outro nível de evolução.

Por bastante tempo a espiritualidade experimentou um exílio epistemológico imposto pela ciência moderna. Porém, percebe-se na contemporaneidade, certo interesse filosófico, científico e religioso em debater novamente esse tema. Nessas idas e vindas, do interesse humano por justificativas de sua existência, normalmente, são nos momentos de dificuldades, ou quando percebe que os seus recursos intelectuais são falíveis, que o sujeito busca explicação para além da racionalidade cognitiva e daquilo que está no seu campo de visão de forma mais concreta.

O sociólogo polonês Zigmund Bauman, (2004) questiona: “Não é verdade que, quando se diz tudo sobre os principais temas da vida humana, as coisas mais importantes continuam por dizer”? (pag.9) Nesse sentido, temos a consciência que o único detentor de todo o saber é o Criador. É aquele que deu ao homem o fôlego da vida.

Portanto a sua palavra, através das escrituras sagradas, foi um dos princípios norteadores desse estudo. Conforme provérbios 16.20, “O que atenta para o ensino acha o bem, e o que confia no Senhor, esse é feliz”.

Dessa forma, usufruiu-se o acervo de conhecimentos disponíveis por meio desse conjunto de livros sagrados, reveladas nas mais diversas culturas e tradições espirituais. São saberes que contemplam de forma especial o que se busca da transcendência, Deus, ética, cosmogênese, origem do universo, ontologia, metafísica, capazes de direcionar sobre outras concepções de vida, de educação, de Deus, de mundo.

De acordo com o direcionamento espiritual de cada sujeito humano, na Bíblia Sagrada encontram-se respostas e práticas dignas, autênticas, lógicas, satisfatórias e belas aos problemas da vida e ao sentido do viver, que merecem ser investigados ou assumidos no fazer educativo, intelectual e no cotidiano da existência. Segundo Silva 2004, Tudo que Deus tem para o homem e requer do homem, e “tudo que o homem precisa saber espiritualmente da parte de Deus quanto à sua redenção, conduta cristã e felicidade eterna, está revelado na Bíblia” (P.8). Isso independe de denominação religiosa.

Ciente dessa condição, esse estudo adotou uma tendência para a importância do Cristianismo, enquanto dimensão de exercício espiritual, bem como a sua influência no comportamento humano na caminhada educacional.

CAMINHOS PERCORRIDOS

Nesse ponto, surge a problemática que esse estudo vai tentar refletir; como é tratado o tema da espiritualidade na educação através dos tempos pelos filósofos clássicos e contemporâneos?

O objetivo geral desse trabalho foi o de pesquisar e refletir através da produção teórica existente sobre as perspectivas filosóficas do Cristianismo, bem como a sua relevância na educação.

E os objetivos específicos que nortearam essa caminhada foram; analisar conceitos produzidos pelos Filósofos clássicos e contemporâneos acerca da espiritualidade. Compreender a importância desse tema no ambiente educacional e sua influência no comportamento humano. Despertar o interesse no tema proposto por parte do público atuante no âmbito da educação.

É sabido que definir a metodologia de uma pesquisa, ou de um projeto requer atenção e objetividade. Por isso, esse trabalho seguiu os rumos direcionados pela pesquisa qualitativa, onde é importante saber, que essa linha de pesquisa assume diferentes significados no campo filosófico e das ciências sociais, compreendendo um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados, tendo por objetivo traduzir e expressar os sentidos e os fenômenos do escopo estudado.

 […] a pesquisa qualitativa tem suas raízes nas práticas desenvolvidas pelos antropólogos, primeiro e, em seguida pelos sociólogos em seus estudos sobre a vida em comunidades. Só posteriormente irrompeu na investigação educacional. (TRIVIÑOS 1987, p.120)

Portanto, essa é uma pesquisa bibliográfica, com base em publicações impressas e online, além das apostilas de estudos do curso Metodologia de Ensino da Filosofia, utilizaram-se clássicos da Filosofia como: Sócrates, Platão, Aristóteles, entre outros desse período. Além desses, pesquisou-se como base teórica as Escrituras Sagradas, Teólogos com John Stott e autores contemporâneos.

Na sequencia, procurou-se problematizar esses apontamentos, aproximando-os, ou confrontando-os, no sentido de entender como essa temática vem sendo discutida, ao longo do tempo, além de direcionar as lentes para a sua importância no interior do ambiente escola, como possibilidade de resgate dos princípios e valores que vem se perdendo com tempo. Sobretudo, virtudes como: fraternidade, solidariedade, paz, amor ao próximo, fé e esperança.

Nesse sentido, essas duas dimensões, do ensino/aprendizagem e a cosmo gênese da fé/espiritualidade, preenchem o vazio existencial e apontam para a luz que sinaliza o rompimento com a ignorância, a desesperança e as inquietações da alma.

Sendo assim, aproximaram-se as dimensões espirituais, filosóficas e pedagógicas vislumbrando os seus resultados no ambiente escola.

ESPIRITUALIDADE E FILOSOFIA, ENCONTROS E DESENCONTROS

A filosofia, ao nascer, buscava uma explicação racional sobre a origem e ordem do mundo, o kósmos. Já a dimensão da espiritualidade crê que tudo foi criado e se mantém por uma ordem e vontade de Deus, conforme registrado no livro da criação, Genesis, a partir do capítulo um. Porém, mesmo exercendo a racionalidade diante da grandiosidade e riqueza de detalhes, na concepção do mundo e da vida, fica evidente que existe algo maior que gesta todo esse sistema vivo.

Ao pensar Filosofia e Espiritualidade, é fundamental entender um pouco a história de dois personagens importantes nesse campo, ou seja, Sócrates e Jesus Cristo.

É possível traçar um paralelo entre a vida de Cristo e a do Filósofo Sócrates 427 – 347 a.C. ainda que os desígnios que moviam os dois eram distintos, houveram algumas semelhanças interessantes.

Cristo, da mesma forma que Sócrates, não chegou a deixar obras escritas. Assim como os discípulos de Cristo foram registrando seus ensinamentos, que temos acesso hoje através dos Evangelhos que estão na Bíblia, considerada a Escritura Sagrada. Platão, discípulo de Sócrates, foi quem escreveu suas ideias, disponíveis hoje em diversos livros.

Ambos morreram como se fossem criminosos, vítimas do fanatismo e por terem a ousadia de questionar as crenças tradicionais. Embora as motivações de cada um tenham sido muito diferentes, superaram a hipocrisia com virtude e combateram os preconceitos.

Sócrates assim como Jesus foi acusado pelos fariseus de corromper o povo com os seus ensinos. Mesmo contra a vontade de seus discípulos, ambos entregaram a vida por um propósito. Embora o Filósofo defendesse a força da sua arte a ponto de morrer por ela, ou como afirmou em a teoria das ideias (2013, P. 125) “E o que queremos, vamos dizer de uma vez por todas, é a verdade”. O que acreditava ser possível se libertando do corpo e priorizando a alma,

…a experiência nos ensina que se quisermos alcançar o conhecimento puro de alguma coisa, teremos de nos separar do corpo e considerar apenas com a alma como as coisas são em si mesmas. Só nessas condições, parece, é que alcançamos o que desejamos, a sabedoria, ou seja, depois de mortos, conforme o nosso argumento indica, mas nunca enquanto vivermos. (Platão 2013, p. 125).

Já Cristo de forma incomparável morreu por amor à humanidade, na condição mais violenta que se poderia imaginar, pregado na cruz, como afirma Stott 2006, o método mais cruel de execução jamais praticado, pois deliberadamente atrasa a morte até que a máxima tortura seja infligida. Antes de morrer a vítima poderia sofrer durante dias. (P.22).

Por outro lado, o amor sem medida de Deus utiliza-se desse meio impactante, para provar o amor pela sua criação. Conforme afirma o autor, “… a cruz é o único lugar em que o Deus amoroso, perdoador e misericordioso é revelado de tal modo que percebemos que a sua santidade e o seu amor são igualmente infinitos” (p. 135). Sobre o amor de Cristo, pode se dizer que é a essência que exala através das escrituras de forma intensa, pura e justa. Como fica claro em 1 João 4:9-11,

Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros.

Tanto Sócrates, quanto Jesus, proclamaram a unicidade de Deus, a imortalidade da alma e a existência da vida futura. Posicionamento que ia contra os interesses e até mesmo crenças arraigadas de forma atávica e insipiente do povo daquele tempo.

Podemos perceber também o posicionamento do filósofo no livro Apologia de Sócrates, onde afirma através de Platão as suas fragilidades em desconhecer os mistérios que envolvem os conhecimentos acerca da vida e da morte e para ele, essa postura até poderia ser uma virtude, como afirma,

Porque temer a morte, atenienses, nada mais é do que parecer sábio sem realmente sê-lo. Porque isso parece um conhecimento quando a pessoa não o tem na realidade. Todos deveriam saber que a morte é o bem maior do homem, mas os homens que a temem acham que ela é o maior dos males. E como pode haver maior ignorância do que achar que sabe o que na verdade não se sabe?  Mas eu, atenienses, nesse assunto talvez seja diferente dos homens. Se posso dizer que há algo no qual sou mais sábio do que os outros, seria nisso, por não ter um conhecimento competente das coisas do Hades, também acho que não tenho bom conhecimento da morte”. (Platão, 2013 Pg. 42)

Dessa forma, Sócrates pronunciou uma frase que até hoje é repetida por muitos, “só sei que nada sei”, resumindo a sua condição humana. Manifestando a sua verdade e revelando de forma pública seu modo de pensar, foi indiciado por renegar os deuses, além de corromper a juventude e ter ideias antidemocráticas, acabou sendo condenado a morrer, tomando o veneno mortal chamado cicuta.

Mas Cristo, porém, no curto período do seu ministério, dividiu o tempo em antes e depois dele. Nenhum outro filósofo, pensador, ou personalidade deixou um legado similar, no que se refere ao amor ao próximo e as diversas lições de humildade. Transformou muitas vidas apenas com uma palavra, um toque, um olhar, além de curas extraordinárias e tantos outros feitos como relata a história, que só poderia ser operado por alguém incomparável, como é o filho de Deus.

Já no campo educacional, de acordo com a apostila de estudos, História da Filosofia: a Educação na Filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles, na p.6, afirma que estudar Filosofia da Educação é compreender as “diferentes visões sobre o homem, suas relações sociais e interpessoais, e perceber como este processo histórico influenciará os objetivos, as formas, os métodos do ato de educar e ser educado”.

Nesse sentido, A espiritualidade está próxima da filosofia ao estimular os questionamentos acerca da vida. Essa forma de pensar, transversaliza as várias áreas do conhecimento.

Atualmente na educação, percebe-se um distanciamento da espiritualidade, por conta de um novo direcionamento do Ensino Religioso.  Reflexões acerca desse tema foram despertadas a partir do debate que se instalou após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Sete meses depois de promulgada ela foi alterada no seu artigo 33, que versa sobre o Ensino Religioso, o qual passou a ser definido como disciplina de caráter científico e constante da grade curricular do Ensino Básico brasileiro.

Conforme Toledo e Amaral, 2003,

A questão incide sobre a proposta aprovada, que consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso (PCNER). Este modificou o caráter do Ensino Religioso, que, de religioso passou a ser “científico”. A questão central deste texto não é discutir a pertinência do Ensino Religioso nas unidades escolares nacionais, nem sua relevância ou não para a formação do educando, e nem, propriamente, a legitimidade da medida. Afinal, essa medida é consagrada pela Constituição Federal (1988) que dispõe: “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental”.

Sendo assim, quando se pensa a espiritualidade na educação, convém dizer que ela transcende as limitações do Ensino Religioso. Supera até mesmo as denominações religiosas, pois o ensino nessa dimensão acessa a inteligência espiritual e essa nos leva a transcender além da nossa capacidade perceptiva, conforme afirma Kerber, 2009, “a ponto de se perceber valores que deem sentido a vida e que talvez nunca tenhamos nos dado conta que estes existem e não só podem como devem mudar a nossa vida” (p. 20).

Mas, obrigatoriamente passa pela crença dos professores e seu exercício de fé, para entender que Deus nos concede o supremo privilégio de trabalhar em parceria com ele no processo de ensinar e aprender. Conforme Stott, “onde a fé vê a glória, a descrença vê apenas desgraça. O que era loucura para os gregos e continua sendo para os intelectuais modernos que confiam apenas na sua sabedoria, é, contudo, a sabedoria de Deus”. (Stott 2006. p.41)

Já o Apóstolo Paulo escreveu carta aos Cristãos da pequena cidade de Colossos, no ano 62 d.C. com um alerta, como se pode ler no capítulo 2.8 de Colossenses,

Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; portanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.

Entende-se que exercer a racionalidade filosófica quando se trata de fé e espiritualidade, por vezes é desafiador, na medida em que ainda são emergentes os estudos da espiritualidade no cenário cientifico e educacional. Ao mesmo tempo em que se configura grande desafio encontrar a metodologia para o empreendimento de pesquisa, pois a tentativa de comprovação por meio da ciência, por um lado choca-se com a fé, por outro lado, Paulo em Romanos exorta para que a fé seja racional. “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:2.)

Além de que agregar a multiplicidade de vertentes religiosas, posturas filosóficas, crenças e descrenças que compõe o corpo docente das escolas, integrar essa diversidade denominacional passa a ser uma tarefa muito árdua.

Pois como espaço de heterogeneidade pressupõe-se a multiplicação indefinida de concepções de educação e espiritualidade. Assim, quanto à concepção de educação, identificamos que ela pode ser cristã, espírita, integral, comunitária, estética, sem nenhuma descrição clara ou citação de qualquer prática correspondente; e que a educação tem vários fins: para a paz, a felicidade ou a integralidade humana, etc.

Todavia, não se pode negar que o exercício da espiritualidade, independente de crença e livre de preconceitos, traz muitos benefícios aos sujeitos humanos. Embora seja um assunto muitas vezes permeado por polêmicas e tabus, configura-se em um espaço onde não se pode prescindir da alteridade em suas vivências. Superando até mesmo diversos vícios e o consumismo, Neil Postman, em sua obra, “O Fim da Educação”, identifica o seguinte,

“A ideia motriz é que o propósito da escolaridade é preparar as crianças para o ingresso competente na vida econômica de uma comunidade. Segue-se daí que qualquer atividade escolar não destinada a promover esse fim é vista como um penduricalho ridículo, isto é, um desperdício de tempo precioso. (…) De acordo com esse deus, você é o que você faz para ganhar a vida – concepção um tanto problemática da natureza humana” (p. 34)13.

Nesse sentido, resgatar o verdadeiro propósito da educação, é na verdade um resgate da alma humana, de forma respeitosa e amorosa. E assim, utilizando o modelo de Cristo para produzir uma sociedade melhor a efeito do que aconteceu em João capítulo 13, onde Jesus lavou os pés dos discípulos como exemplo de humildade e serviço. Estabelecer a cultura em que servir uns aos outros, tem mais sentido do que viver sob a pressão do consumismo, do egoísmo e do individualismo competitivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa breve reflexão, conclui-se que em todos os sentidos da vida, o ser humano está em construção e, portanto em constantes descobertas. Assim, pensar a espiritualidade na educação na lógica contemporânea é pensar uma obra inacabada, relacionada a um ser que aprende em todas as fases da vida. O educador Paulo Freire em sua Pedagogia da Autonomia, afirma que “onde a vida, há inacabamento” (Pag. 55), Mesmo quando se coloca no papel de ensinante, ou aprendente, ambos exercem o protagonismo para a construção do saber, que é produto do diálogo e do relacionamento, gerando educação e portanto, um processo de reflexão.

Sendo assim, há a possibilidade de colaboração entre fé e filosofia para uma educação mais humana.  Esta condição decorre do fato de a fé e a razão não serem de natureza heterogênea; seus resultados são, pois perfeitamente compatíveis. As várias atividades espirituais do homem formam uma unidade, ou, na expressão de Clemente, “não há senão uma única atividade espiritual, cujas denominações variam de acordo com a variedade de suas manifestações”. (Apostila, pag. 18)

Entende-se que a base da espiritualidade é o amor ao próximo. E a maravilha do amor de Deus vai além da compreensão. Assim, o ensinante precisa conquistar um lugar de confiança no coração do aprendente para que este, o autorize a ensina-lo. É o lugar da paternidade, da admiração, do respeito, da sabedoria e do amor que faz com que alguém se entregue aos cuidados daquele que poderá impulsioná-lo na aprendizagem.  

Ou ainda segundo Comenius 1965, “que todos os homens sejam educados plenamente, em sua plena humanidade” (p. 16). E educado em todos os aspectos: não para pompa e exibição, mas para a verdade; quer dizer, para tornar os homens o mais possível a imagem de Deus, na qual foram criados: verdadeiramente racionais e sábios, verdadeiramente ativos e espirituais, verdadeiramente morais e honrados, verdadeiramente pios e santos e assim verdadeiramente felizes e abençoados tanto aqui, quanto na eternidade.

REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. São Paulo: Editora Ars Poética, 1994.

Apostilas de estudos do curso Metodologia do Ensino da Filosofia. História da filosofia. UCAM.

Apostilas de estudos do curso Metodologia do Ensino da Filosofia. O pensamento medieval e renascentista, UCAM.

ARISTÓTELES, 384 a.C. a 399. Poética e tópicos I,II,III e IV. Tradução de Marcos Ribeiro de Lima; São Paulo: Hunter Books, 2013.

BARBOSA, Rafael Grigório Reis. Educação e espiritualidade no Brasil: uma analítica das estratégias teóricas.  Pará: UEPA, 2013.  

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.

BRASIL. LDBEN. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9.394/96. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

COMENIUS, JA. Pampaedia. Heidelberg: Quelle & Meyer; 1965.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

KERBER, Roberto. Espiritualidade nas empresas: uma possibilidade de humanização do trabalho. Porto Alegre, RS: AGE, 2009.

PLATÃO, 427 – 347 a.C Apologia de sócrates e crítonn/ Platão; traduzido por Alexandre Romero; São Paulo: Hunter Books, 2013.

_______, 427 – 347 a.C. A teoria das ideias./ Platão; Tradução de Adalberto Roseira; São Paulo: Hunter Books, 2013.

POSTMAN, Neil. O fim da Educação. Rio de Janeiro: Graphia; 2002.

SILVA, Antônio Gilberto da. A Bíblia através dos séculos. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2004.

STOTT, John. A cruz de Cristo; tradução de João Batista. São Paulo: Editora Vida, 2006.

TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

TIMM, Edgar Zanini; GARIN, Norberto da Cunha; SILVA, Clemildo Anacleto da; FOGAÇA, Diógenes Antônio. Religião, confessionalidade, espiritualidade e educação: dimensionando possibilidades conceituais para suas relações no contexto da contemporaneidade. Revista de Educação do Cogeime – Ano 25 – n. 48 – janeiro/junho 2016.  Disponível em: <https://www.redemetodista.edu.br/revistas/revistográfico/index.php/COGEIME/article/view/500/586>acessado em: 20/06/2017.

TOLEDO, Cézar de Alencar Arnaut – AMARAL, Tânia Conceição Iglesias. Análise dos parâmetros curriculares nacionais para o ensino religioso nas escolas públicas. 2003. Disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/revis/revis14/art9_14.pdf> Acessado em: 21/08/2017.

EDUCAR É UM EXERCÍCIO MÁGICO

Por Professor Lilo Dorneles

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RESUMO

Esse artigo tem o propósito de lançar o olhar acerca do encantamento e da magia no ambiente educacional.

A cortina de fundo desse estudo será a arte mágica, como metáfora de transformação da vida. Para isso, vai se refletir sobre os vilões que matam a utopia, o espetáculo e a magia daqueles que adentram esse grande palco chamado escola. Onde por vezes, se encontram crianças e adultos que já não acreditam mais na ilusão e no poder da imaginação.

Na figura da “varinha mágica”, pensar-se-á nos sonhos e desejos que habitam esse imaginário. Já na arte do impossível resgata-se o entendimento acerca da crença na mágica que acontece na mente e no coração das pessoas, ao se deparar com momentos especiais.

Na sequência, desvendando os segredos, aborda a importância do sigilo enquanto mistério que instiga, provoca e desperta o interesse em querer saber, descobrir e construir hipóteses que levam ao conhecimento. Ao abrir as cortinas é hora de fazer o show. Como será a performance do artista na frente dos alunos? Sua postura, atitudes, a motivação e a qualidade do seu conteúdo, farão diferença nesse momento, pois, é quando as coisas de fato acontecem.

Portanto, EDUCAR COMO EXERCÍCIO MÁGICO é Quando o mundo de alguém se tornou melhor, porque enquanto professores produziu-se a mágica da vida, ao fazê-lo acreditar em si e no seu poder de mudança.

Palavras-chave: Arte Mágica, Educação, Encantamento, Ensino.

INTRODUÇÃO

Ao perguntar às professoras e aos professores – O que é MÁGICA? – O que essa palavra te lembra?

Imediatamente alguns termos começam a ser pronunciados e um brilho nos olhos lança luz sobre as lembranças, remetendo há um tempo e uma fase da vida guardada num lugar muito especial. São resquícios de uma época marcante. Relações de acontecimentos diversos e sensações que se tornaram inesquecíveis.

Em resposta a essas perguntas são relacionadas expressões como: Alegria – mistério – desafio – criatividade – riso – infância – surpresa – encantamento – ilusão – fantasia – excelência – satisfação – disciplina – concentração – treinamento – habilidade – truque – vida- imaginação – aprendizado e muitas outras falas que de forma geral, despertam emoções inexplicáveis e resgatam memórias fantásticas.

São manifestações que retratam o sentido de poiésis, ou seja, atividade criativa, um fazer educação de forma a estimular leituras diversas nos caminhos da vida, da construção histórica e do protagonismo nas escolhas que cada sujeito precisa empreender no cotidiano.

São palavras mágicas que apontam caminhos pelos quais os alunos serão conduzidos no seu tempo/espaço educacional, encontrando mais sentido e interesse nos estudos, nas relações construídas e nas descobertas do conhecimento.

Por outro lado, onde o ambiente escola não materializa os estímulos representados naquelas palavras, em que a metáfora da mágica se sustenta, ficará o vazio de significados e de motivação.

E o que seria Ilusão?

Buscando uma definição de sua origem, vê-se que, ilusão, vem da palavra latina illusio. Esta, por sua vez deriva de ludere e illudere, cujo significado é jogar, transpor. Em sua gênese, o termo se liga a ideia de jogo, de lúdico e de transposição, capacidades inerentes ao homem, responsáveis pelo desenvolvimento de sua linguagem, da comunicação e de sua sobrevivência. Conforme o pesquisador Harada 2012, liga-se também à capacidade imaginativa, pela qual é possível agir e viver sob o regime do “como se”. Ou seja, algo que poderá vir a ser. Pois tal capacidade envolve a criação de expectativas e a transposição de funções e significados em toda e qualquer experiência. Onde a capacidade de jogar e se iludir são inerentes à própria constituição do pensamento (p. 95).

CAMINHOS PERCORRIDOS

Nesse ponto, surge a problemática que esse estudo vai tentar refletir; Porque a escola vem perdendo a magia e o encantamento com o passar do tempo?

O objetivo geral desse trabalho foi fazer um paralelo entre educação e a arte mágica, ajustando o foco para o potencial de transformação e encantamento dessas duas artes.

E os objetivos específicos que nortearam essa caminhada foram; Utilizar a mágica como metáfora para pensar a educação de forma criativa. Resgatar o olhar sobre o poder transformador da educação.

Esse trabalho seguiu os rumos direcionados pela pesquisa qualitativa, onde é importante saber, que essa linha de pesquisa assume diferentes significados no campo filosófico e das ciências sociais,

[…] a pesquisa qualitativa tem suas raízes nas práticas desenvolvidas pelos antropólogos, primeiro e, em seguida pelos sociólogos em seus estudos sobre a vida em comunidades. Só posteriormente irrompeu na investigação educacional. (TRIVIÑOS 1987, p.120)

Portanto, entre os autores que embasaram as reflexões estão, Ricardo Harada, Rubem Alves, Manzioli, Freire e outros.

ALGUNS VILÕES DA MAGIA NA EDUCAÇÃO

Os professores e professoras têm vivido dias difíceis profissionalmente.

O ruído nas salas de aula está cada vez pior. Alunos se agridem, falam palavrões e não demonstram o menor respeito ao profissional que está em sala, salvo algumas exceções.

Assim como desde os primórdios, as crianças brincam reproduzindo o seu dia-a-dia, na contemporaneidade, onde a violência está expressa cotidianamente nas mídias, a convivência com a corrupção, o crime e com as drogas passa a ser entendida como normal e corriqueira. Nas escolas, as crianças reproduzem em suas brincadeiras, comportamentos que imperam na sociedade atual e que estão acostumadas assistir diariamente em seus programas favoritos, ou nos jogos online, carregados de uma grande dose de violência e agressão. O que acaba indo as vias de fato, nas instituições de forma intensa contra professores e colegas.

Percebe-se também, a falta de interesse em aprender e prestar atenção ao conteúdo que está sendo trabalhado em sala. Esse comportamento destorcido provoca um desgaste e exige cada vez mais energia dos profissionais.

Não bastasse isso, a influencia das tecnologias moveis, ao mesmo tempo que abrem portas para o mundo, facilitam a pesquisa e a comunicação, tem se tornado um vilão dentro e fora das salas de aula. Tira-os do foco, seduz para as ideias rápidas e prontas. Conforme Kerber 2009, este será o século do paradoxo da informação. “Temos alta combinação de informação e baixa capacidade de pensar criticamente” (p. 76). Este autor aponta que os alunos contemporâneos,

Serão homens que não saberão pensar, duvidar, criticar as convenções do conhecimento, transformar o conhecimento vigente, interpretar criticamente os fenômenos, produzir ideias com originalidade, preservar os direitos humanos, repensar a si mesmo, reciclar o autoritarismo e a rigidez intelectual. (Kerber 2009, p. 76).

Pois os alunos de forma geral tem demonstrado certa dependência desses equipamentos e principalmente da conexão com a internet. É uma geração muito hábil nos teclados, mas que tem grande dificuldade em interpretar comportamentos alheios quando estão frente a frente.

É preciso problematizar o uso das tecnologias, propondo a transição para uma consciência mais critica em relação a isso.

Tem ainda o tema recorrente da desvalorização profissional. O fato de que os professores precisam cumprir uma carga horária cada vez maior, trabalhando em várias escolas na busca de melhorar seus salários, para dar conta de atender seus compromissos e oferecer uma vida digna aos seus familiares.

 A VARINHA MÁGICA

 Quem não sonhava quando criança com a varinha mágica para apontar, aparecer, desaparecer, transformar coisas e fazer fatos incríveis acontecerem?

Com certeza essa fantasia habita o imaginário das infâncias, pois é a fase mais criativa do ser humano, quando a criança pega um objeto qualquer e transforma em tantas outras coisas apenas usando a sua imaginação. Essa passa a ser a sua realidade e a sua verdade. O universo totalmente lúdico, brincalhão e ao mesmo tempo sério, é em essência a vida da criança. Portanto o mundo em que ela vive, é mágico por natureza.

Produzir educação é parte dos sonhos dos magos da vida. Após ter cumprido a primeira etapa dessa preparação profissional que é a formação em determinada área do conhecimento, nos vemos dentro de uma sala de aula e sonhamos com alunos ávidos por ouvir os aprendizados que serão compartilhados.

Imaginamos estudantes participativos, produtivos, tecendo comentários do quanto gostam das aulas. Além de ver a turma empenhada, realizando as atividades, senti-los felizes e engajados nas propostas, é o que almejamos enquanto professores.

Outro sonho importante que mostra a direção para apontar a varinha mágica é sobre o reconhecimento da sociedade em relação à nobreza da profissão, esse, talvez seja o maior desejo de todos. Queremos ser vistos como alguém capaz de transformar realidades, tanto individuais, quanto coletivas. Mudar a mentalidade de uma pequena comunidade, ou de uma nação e ter o mérito de nossa função respeitada por todos.

Seria muito bom, se uma varinha mágica conseguisse com apenas um toque potencializar esses desejos e sonhos.

Embora saibamos que não é tão simples, continuamos cheios de esperança. Conscientes que, como diz Paulo Freire, ter esperança não significa cruzar os braços e esperar. A varinha mágica sozinha não faz a mágica acontecer. É preciso a habilidade do mágico, bem como seus conhecimentos e domínio sobre a arte para que o efeito aconteça. Nesse contexto, a mágica passa a ser real. O encanto se da diante dos olhos da plateia que fica surpreendida.

Assim é no dia a dia da educação. A mágica vai acontecendo lentamente e quando percebe, a aprendizagem se deu. Num abracadabra, num passe de mágica que poderá levar um ano, ou vários anos, com dedicação dos mestres, por vezes até com sofrimento em suportar a pressão. E quando a vontade de desistir aparecer precisa persistir um pouco mais nessa magia da vida. Que é real e verdadeira, como uma nova etapa para o sujeito que constrói o conhecimento que poderá mudara sua história, tornando-se fascinante.

É aquele momento que o aluno descobre que está aprendendo. Que da o “start” e ele vibra: – Ah! Agora eu sei! Pronto, a varinha mágica funcionou. Nesse caso, às vezes até se perde a noção do tempo. Na verdade, durante o momento mágico o tempo perde sentidos e por instantes deixa de existir. Passa a ser um presente muito especial, porém frágil na medida em que escapa veloz, como escreveu Quintana no seu poema seiscentos e sessenta e seis, quando se vê, ele já passou.

A ARTE DO IMPOSSÍVEL

Em mais de 5.000 anos de história, a mágica é vista como a arte do impossível, Pois ela “rompe com as vicissitudes da vida ordinária, justamente por realizar o impossível”.(Harada 2012), o que é ousadamente concretizado por meio da ilusão. Essa palavra está intimamente ligada aos sonhos, às fantasias humanas e porque não com aquela que é o verdadeiro tapete mágico. A imaginação.

Na mágica, tudo o que acontece está na dimensão da arte, dessa forma, sob o controle total do artista. Pois a arte do mágico reside na sua inteligência e no modo como articula as situações para produzir a ilusão do impossível.

O pesquisador Harada afirma em sua tese que para produzir assombro e maravilha diante de um “milagre”, a mecânica e a engenhosidade devem ser obrigatoriamente invisíveis (p.22). Pois a casos em que a mecânica é tão genial que acaba chamando mais a atenção do que o próprio efeito. No caso da arte mágica, o detalhe desconhecido, é a causa do fascínio e da admiração. É o desafio do incompreensível.

A partir do século XVII a arte mágica começa a se distanciar da referência com bruxaria, os artistas passam a fazer uso dos movimentos da era das luzes, aproximando-se com os homens do racionalismo e da ciência. Saindo das ruas e frequentando os ambientes fechados.

Porém, engana-se quem pensa que aprender mágica e realizar um espetáculo se da na ilusão. Pelo contrário, é trabalho duro, disciplina, persistência e criatividade. Além de outras habilidades e esforços necessários.

Para se tornar um grande mágico, talento é importante sim, mas o olhar a dedicação e o treinamento fazem toda a diferença.  “Quando não conseguimos ver com clareza como a experiência e o treinamento levaram uma pessoa há um nível de excelência acima da média, nossa reação automática é declarar que essa pessoa tem um dom inato”. (Duckworth 2016, P. 49).

Essa autora, em seu livro Garra, afirma ainda que, desempenho e trabalho árduo, no fim das contas são mais importantes que capacidade intelectual (P. 33). Pois na verdade, com muito trabalho e dedicação é que se conquista um bom capital cognitivo.

O Mágico David Blaine, em uma entrevista, explicou emocionado o seguinte:

“Como mágico tento mostrar as pessoas coisas que parecem impossíveis e acho que a mágica é muito simples, seja ela prender a respiração ou embaralhar cartas. É prática – treino (soluços) experimentação (soluços) enquanto suporto o sofrimento para ser o melhor que posso. Isso é o que a mágica é pra mim”. (Livro Garra 2016, P. 136)

De certa forma, se tornar referência no exercício profissional, não vai se dar num passe de mágicas. Independente da atividade profissional, mas principalmente na educação, suportar a pressão gera um sofrimento capaz de preparar o profissional para a excelência e resultados eficazes. Entendendo essa postura, a mágica acontece. Ou seja, aquilo que parecia impossível no primeiro momento, transforma-se em algo real. Vidas sendo transformadas pelo poder mágico do processo ensino/aprendizagem.

DESVENDANDO OS SEGREDOS

Em certos casos, professores tornam-se seres imortais. Como afirma o Rubem Alves. “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais…” (Alves, 94 Pag. 04).

É quando acreditamos no poder transformador da profissão que os nossos ensinamentos perpassam as gerações e deixamos um legado para a humanidade.

Harada diz ainda que “o discurso da Arte Mágica se pauta em três aspectos gerais, em torno dos quais gravita seu imaginário e sua poética: o impossível, a ilusão e o secreto”(2012).

Na Educação assim como na Mágica, o impossível está na dimensão do incompreensível, que desafia a capacidade de raciocínio lógico dos espectadores, chegando a gerar um estado de tensão, insegurança e incerteza acerca daquilo que seus olhos veem. Nessa dimensão está o proibido desejado. É onde está a pergunta: PORQUE NÃO?

Já a ilusão remete as fantasias, a criatividade e ao sonho. Aquilo que move o ser humano como o momento da infância protegida no coração de cada sujeito, possibilitando-o a transformações incríveis, como virar um super herói, fazer de um pedacinho de madeira, brinquedos e brincadeiras fantásticas por horas sem fim, que alimentam a alegria e os encantos da vida.

E por fim o secreto, que mantém viva a curiosidade, o mistério e as possibilidades ilimitadas em cada acontecimento. É aquilo que instiga e provoca.  Onde os devaneios da mente humana passeiam e brincam. Como no momento em que na infância, se procura algo que está escondido. Sabemos que está em algum lugar e não desistimos de procurar até encontrar. E quando se encontra! Eis a Mágica!

No livro Criando Magia, escrito por um alto executivo da Disney, ele relata um pequeno diálogo entre um médico e sua filha.

Pergunta o pai:

– Filha, o que você quer ser quando crescer?

– Professora papai.

O pai pondera:

– Mas querida, você não gostaria de ser médica, como eu? Os médicos são muito importantes. Se eles não existissem, muita gente ficaria doente e sofreria.

– Mas, papai, sem professores não haveria médicos! (Cockerell, 2009, p.124).

A cada vez que a cortina se abre e a aula começa, é essa visão que precisa se ter. Manifestar a grandiosidade e o empoderamento do ofício de professor. Não esquecendo o compromisso da qualificação e da excelência no seu fazer pedagógico.

É preciso superar o negativismo e o desanimo que tem imperado na profissão. É triste ver profissionais desmotivados, por vezes até falando de forma pejorativa de seu trabalho. Essa postura, no entanto, lança a função cada vez mais no abismo.

CONCLUSÃO

Há quem diga que mágica não existe. Há aqueles que já não acreditam mais na magia da vida. Geralmente são os sujeitos que se tornaram sérios demais para acreditar nessas coisas consideradas infantis, ou nas brincadeiras. Citando Rubem Alves,

Mágica não existe!

Mágica só existe nos contos de fadas.  Engano.

Mágica existe sim. Os contos de fadas falam a verdade.

A mágica é quando a palavra entra no corpo e o transforma.

Desde que nascemos, continuamente palavras vão sendo ditas, elas entram no nosso corpo e ele vai se transformando.  Virando outra coisa. Diferente do que era.

EDUCAÇÃO É ISTO. O processo pelo qual os nossos corpos vão ficando iguais às palavras que nos ensinam. (Alves, 94 Pag. 27).

Para que o ensino surta seus efeitos, é preciso acreditar que o outro vai aprender. Por isso, a mágica acontece primeiro na mente e em seguida no coração das pessoas. É quando ela se sente tocada, desafiada e por fim encantada. Eis a aprendizagem! Eis a transformação! Eis a MÁGICA! Nesse sentido, temos que acreditar na possibilidade de resgatar o valor, a grandiosidade e a magia da arte de EDUCAR. E precisa começar por cada profissional que está dentro de uma escola. Afinal de contas, como diz Paulo Freire, “Se a Educação sozinha não pode transformar a sociedade, tão pouco sem ela a sociedade muda.” (Freire 1921-1997).

EDUCAR É UM EXERCÍCIO MÁGICO quando recebemos o abraço carinhoso de um aluno dizendo: Profe que saudade! Quando o mundo de alguém se tornou melhor, porque enquanto professores, produzimos a mágica em sua vida de fazê-lo acreditar em si e no seu poder de mudança.

EDUCAR É UM EXERCÍCIO MÁGICO quando como diz Comenius “que todos os homens sejam educados plenamente, em sua plena humanidade” (1965,p. 16). E educado em todos os aspectos: não para pompa e exibição, mas para a verdade, mais afetivos e sábios, racionais e honrados, verdadeiramente felizes e abençoados.

REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. A ALEGRIA DE ENSINAR. Editora Ars Poética. 1994, São Paulo.

COMENIUS, JA. Pampaedia. Heidelberg: Quelle & Meyer; 1965.

DUCKWORTH, Angela. Garra: O poder da paixão e da perseverança. Rio de Janeiro, Intrínseca, 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia, saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra S.A. 2000.

HARADA, Ricardo Godoy. A tentativa do impossível: A arte mágica como tentativa poética da cena teatral. Unicamp. Campinas, SP. 2012. (Tese de doutorado).

KERBER, Roberto. Espiritualidade nas empresas: uma possibilidade de humanização do trabalho. Porto Alegre, RS: AGE, 2009.

KOCKERELL, Lee. Criando Magia. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.

MANCIOLI, Maurizio. O executivo artista: como suas habilidades artísticas podem mudar sua vida e o mundo corporativo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

QUINTANA, Mario. Nova Antologia Poética. 9. ed. São Paulo: Globo, 2003.

AUTOR

Pedagogo – Supervisão e Administração escolar – FEEVALE – Novo Hamburgo, ano 2000. SOCIOLOGIA, UNIP – Pós Graduação em Filosofia UCAM – Mágico profissional. Especialização em Biodança – Federation Internationale de Education Phisique/FIEP. Foi assessor da coordenação da subsecretaria do menor de Campo Bom, de 1989 a 1996 – órgão que coordena 21 núcleos de trabalhos com crianças – Educação Infantil e atividades extra classe com alunos de 0 a 14 anos. Implantação de trabalhos com meninos em situação de rua em Campo Bom. Pesquisador e escritor de 02 livros já publicados e de 2 CD’s com uma coletânea de músicas do folclore infantil e músicas para brincar. lilodorneles@gmail.comwww.educareumexerciciomagico.com.br

Planejamento, protagonismo na Educação Infantil

 

O presente artigo vai tratar acerca da importância do planejamento na Educação Infantil. Vamos sugerir um modelo de documento, que servirá para facilitar a construção de um plano de aula, além de um passo-a-passo simples porém eficaz, facilitando assim essa tarefa.

Clique aqui para baixar esse artigo em PDF.

 

PLANEJAR É PRECISO

Quando o dia se inicia, começa-se a planejar as ações desse momento em todos os campos da vida. Que roupa vestir, o que vai ser servido no café, o trajeto a ser seguido para o trabalho… Mesmo quando deixamos os acontecimentos ao acaso, existem algumas escolhas e decisões que precisam ser empreendidas e planejadas por mais simples e informais que sejam.

Dessa forma, o planejamento está presente no cotidiano e faz parte da vida, principalmente no dia a dia profissional. No campo da educação é imprescindível, pois planejar as aulas torna-as mais proveitosas, vivas e eficazes.

O planejamento é o momento de reflexão do professor, que a partir das suas observações e registros, prevê ações, encaminhamentos e sequências de atividades, organizando assim, o tempo e o espaço da criança na Educação Infantil.

Por isso, é necessário ter domínio sobre uma vasta gama de conteúdos e habilidades, além de dominar os mecanismos de pesquisa, para ter variedade de ações a serem propostas aos alunos.

Como seria construir o planejamento que materialize a postura protagonista na Educação Infantil? É preciso compreender mais a fundo o sentido da palavra PROTAGONISMO.

Do grego – Prótos – Que significa primeiro,

                 Agonistès – ator, lutador – exposição,

                  Agon – disputa, exposição, combate.

Conforme a teoria psicodramática de Jacob Levy Moreno, no protagonismo palavra e ação se integram, ampliando as vias de abordagem. Dessa forma, o campo de visão fica mais abrangente e a atitude do guerreiro em combate, produz energia para realizar as ações planejadas. O professor (a) protagonista é o ator em primeiro plano. É quem lidera a cena e inspira o grupo para que cada um produza o seu melhor.

Algumas características do protagonismo:

1 – Escolhas – planejar é fazer escolhas. É o tempo de pensar de forma crítica a sua prática, fazendo reflexões acerca dos conteúdos e da metodologia que ajudarão a materializar os objetivos. Entender que ao escolher determinada atividade, outra ficará de fora, portanto, estar seguro e ter o máximo de clareza de que ao fim e ao cabo, a tarefa planejada é a melhor para a turma naquele momento. Mesmo deixando ao acaso e decidindo não escolher, isso também é uma escolha, tornando-se um ciclo contínuo.

2 – Assumir a responsabilidade pelas escolhas – A palavra responsabilidade está relacionada com a palavra em latim respondere, que significa “responder, prometer em troca”. Demonstra a qualidade do que é responsável, ou obrigação de responder por atos próprios ou alheios, ou por uma coisa confiada. Em outras palavras, ter habilidade em responder pelo seu planejamento. Na medida em que tem a consciência de que está onde está, fazendo o que está fazendo, por sua própria escolha.

3 – Reconhece a importância dos pares – Um (a) professor (a) que exerce o protagonismo no seu trabalho, entende que precisa de seus pares, para trocar experiências e estabelecer uma parceria saudável na direção da qualidade dos serviços prestados. Dessa forma, tem prazer em compartilhar suas melhores ideias, enriquecendo assim, o trabalho do grupo.

4 – Aprende com base no resultado de suas escolhas. – Para o profissional protagonista não existem fracassos, só aprendizado. Quer saber sempre em que pode melhorar. Na dificuldade vai buscar informações para superar todos os obstáculos e mantém o constante espírito de pesquisa. O protagonista é um agente de transformação no seu ambiente.

O texto de Madalena Freire é oportuno para a reflexão, nos aponta um excepcional aporte para pensar a prática pedagógica pela lógica do planejamento,

Professor nenhum é dono de sua prática se não tem em mãos a reflexão sobre a mesma. Não existe ato de reflexão, que não nos leve a constatações, dúvidas e descobertas e, portanto, que não nos leve a transformar algo em nós, nos outros e no mundo.” Madalena Freire, 1996.

Planejar é o exercício da cumplicidade pedagógica na construção de um projeto de educação que vai se concretizando dia a dia. Produzindo a esperança, mesmo na incerteza, de que a sociedade que queremos passa pelo planejamento comprometido com a qualidade humana das aulas.

Segundo o documento balizador da Educação Infantil da Região Oeste do Paraná, Currículo Básico da AMOP, afirma que;

Torna-se imprescindível compreender quem é o sujeito que aprende, como ele aprende, quais são as relações existentes entre o ato de aprender e o desenvolvimento das funções psíquicas. Essas são algumas das questões que nos reportam à necessidade de aprofundarmos a análise sobre as implicações do trabalho e da linguagem no processo de desenvolvimento humano” (AMOP 2014,pag. 17).

A questão não é a forma de planejar, mas os princípios que sustentam a organização. Sem dúvida, a elaboração de um planejamento depende da visão de mundo, de criança, de educação, de processo educativo que temos e que queremos: ao selecionar um conteúdo, uma atividade, uma música, na forma de encaminhar o trabalho, os caminhos que levam aos avanços na qualidade passam pela clareza dos princípios que estão apontados nesse documento.

O olhar do educador, bem como o escutar comprometido dos desejos e necessidades dos alunos revelados em seus gestos, falas, expressões, em suas linguagens são importantes. Por isso, o planejamento não é ponto de chegada, mas ponto de partida ou “portos de passagens”, permitindo ir mais e mais além, no ritmo da relação que se quer construir com o grupo de crianças.

 

 PLANEJAMENTO QUE PRODUZ PROTAGONISMO

Quatro atos

Cena 1 – Planejar é essa atitude de traçar, projetar, programar, elaborar um roteiro para empreender uma viagem de conhecimento, de interação, de experiências múltiplas e significativas para com o grupo de crianças.

Cena 2Planejamento pedagógico é atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente. Por isso não é uma fôrma! Ao contrário, é flexível e, como tal, permite ao educador repensar, revisando, buscando novos significados para sua prática pedagógica.

Cena 3O planejamento marca a intencionalidade do processo educativo, mas não pode ficar só na intenção, ou melhor, só na imaginação, na concepção. Portanto, ninguém diria que não é necessário escrever o planejamento.

Cena 4A intencionalidade traduz-se no traçar, programar, documentar a proposta de trabalho do educador. Documentando o processo, o planejamento é instrumento orientador do trabalho docente (José Fusari).

Nesse sentido, para garantir mudanças estruturais progressivas e percorrer com a criança, no seu próprio ritmo, passo a passo o curso a ser  seguido, os professores devem assumir o papel de criador de situações desafiadoras.

Procurando manter sempre um olho atento no aluno, sujeito que vai ser submetido ao planejamento, outro no currículo que é a bússola a apontar caminhos, como um norte, evitando assim, desvios para um lado ou para outro, a ponto de por vezes se perder. E outro olho no conteúdo escolhido para materializar as descobertas e as aprendizagens que irão levar os alunos a atingir os objetivos propostos.

Assim, retomando o currículo da AMOP, afirma que, “torna-se necessário que o educador domine os conteúdos e tenha clareza sobre os objetivos” (pag. 77). Esses dois itens do planejamento são sem dúvida os mais importantes desse documento. Logicamente que ele só vai estar pleno mantendo uma estrutura básica, capaz de suportar a qualidade no fazer pedagógico dos professores.

Sendo assim, a sugestão para um instrumento de planejamento é que mantenha pelo menos os seguintes itens:

Identificação – Data – Tema – Objetivos – Conteúdos – Desenvolvimento ou Procedimentos – Recursos e Avaliação.

Na sequência, colocarei aqui um modelo de formulário que poderá ser utilizado, tornando esse processo mais prático, além de detalhar cada item.

Importante lembrar que, em se tendo um conteúdo e metodologia consistente, adequada e criativa, pouco importa como vai ser o registro no papel. Ter claro o que, para que e para quem planejar é imprescindível. Segundo José Fusari, “O fundamental, não é decidir se o plano será redigido no formulário X ou Y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de preparo”.

Outro fator que fará com que o planejamento se torne especial é a diversidade de propostas e atividades que incluam a dimensão lúdica e imaginativa do pensamento. A Base Nacional Comum Curricular preconiza que,

A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e brincadeiras entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções”. BNCC, 2018p. 33.

Portanto, antes de qualquer outra preocupação, o exercício de ludicidade e o aprender num clima de prazer, respeito, alegria, afeto e amor na Educação Infantil, são princípios que precisam estar muito bem resolvido na mente e no coração dos educadores.

A seguir, clicando no link abaixo, Poderá fazer download do formulário para a construção do planejamento de aula. Nesse caso, a sugestão de um plano semanal.

 

FORMULÁRIO DE PLANEJAMENTO EDITÁVEL:

 

 

No exemplo acima é uma tabela feita no Word, de forma simples. Pode se acrescentar linhas conforme a necessidade e adaptar de acordo com o que achas melhor.

VANTAGENS DE TER UM DOCUMENTO PADRÃO

Existem vantagens interessantes quando a instituição utiliza um formulário padrão para uso dos profissionais, na hora de construírem os seus planejamentos.

A primeira vantagem é a praticidade. Com o tempo e a familiarização com o instrumento, o processo de construção se torna muito prático por estar organizada, cada informação no seu lugar e tudo o mais. Inclusive para as coordenações, na hora de fazer o acompanhamento.

E outra vantagem importante, e no caso da Rede Municipal de Educação, que por vezes precisa remanejar profissionais, transferindo-as para outro local de trabalho. Assim, todos já têm o mesmo direcionamento para a produção do seu planejamento de aulas.

Outra vantagem é o fato de ser digitável e salvo no computador. Facilita o arquivamento e compartilhamento com a equipe diretiva. Algo importante para ter consciência, é o fato que, é uma obrigação dos docentes, fazer o envio de uma cópia do seu planejamento, para que suas coordenadoras façam o acompanhamento e as intervenções necessárias. Bem como, é a função das Coordenações Pedagógicas, receber os planejamentos, verificá-los e dar um feedbak aos profissionais. Pois a razão de tudo isso, é o melhor resultado na aprendizagem dos alunos e os avanços na Educação como um todo.

E O TRABALHO DA EQUIPE SEMPRE VAI TER UM OLHAR MAIS PROFUNDO DO QUE O INDIVIDUALISMO.

VAMOS DETALHAR BREVEMENTE CADA ITEM DO PLANEJAMENTO.

 1 – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO – No cabeçalho verificam-se os dados de identificação. Informações importantes que situam o documento, no tempo e no espaço. São nomes da professora – turma – turno – data, etc.

2 – TEMA – Nesse espaço, você poderá dar um nome para sua aula. O tema é o que será abordado na aula, Por exemplo, se a sua aula será sobre a água, o tema poderia ser: “A importância da água”, ou, “Água, será que ela pode faltar”? É o tema que começa a despertar o interesse dos alunos acerca da aula. Após isso, o tema deverá ser desmembrado e relacionado aos conteúdos. Ele tem um grau de importância, mas nem tanto, se preferir, esse item poderá ser suprimido do documento, indo direto aos objetivos.

 3 – OBJETIVOS NO PLANEJAMENTO         

 Devem remeter sempre aquilo que os professores querem que os alunos conquistem ou façam. De preferência iniciar sempre com uma ação. Um verbo geralmente no infinitivo.

Portanto, ao começar a produção do planejamento, é importante que se tenha objetivos claros para que a partir do diagnóstico observado no grupo de alunos, possa elaborar o método de ensino. Pois, se o objetivo não estiver sendo alcançado, é necessário parar, reavaliar os métodos, tentar entender o que está dando errado e criar um novo plano de aula.

Aí surgem algumas perguntas a se fazer: Qual é a minha intenção com essas aulas? O que eu quero que meus alunos aprendam? Qual o objetivo a ser alcançado? Dessa forma, com a clareza de que as metas estão definidas, fica mais fácil saber aonde se quer chegar. Repito, há que se ter sempre uma intenção clara em relação aos objetivos a serem atingidos. Sem essa postura, seria como um barco navegando sem rumo. Além de enfrentar muitos riscos de encalhar e se chocar com obstáculos, qualquer lugar que chegar serve.

Algo a se observar em relação aos objetivos:

Devem ser realistas: No momento em que pensa os objetivos, é fundamental que o professor imagine-os, levando em conta que eles serão possíveis de serem alcançados. Conhecendo a realidade dos alunos, no que eles já sabem e no que é possível, na prática, alcançar.

Deve ser exequível: precisam estar dentro da realidade de tempo e materiais disponíveis. De nada adiantaria ter objetivos espetaculares e não adequados para o espaço disponível, ou dependendo de materiais inexistentes.

Devem ser específicos: Para direcionar com clareza, o que deve ser alcançado naquele período e nortear a sequência do trabalho educativo.

Os objetivos também precisam ser articulados aos conteúdos.

CONSTRUÇÃO DE OBJETIVOS E A TAXIONOMIA DE BLOOM

Outra possibilidade na concepção dos objetivos é pensá-los pela lógica da taxionomia de Bloom.  O que é TAXIONOMIA? Do Grego TAXIS – ordenação e NOMOS – sistema, norma – é todo o sistema de classificação.

Segundo o dicionário eletrônico Wikipédia, é uma estrutura de organização hierárquica de objetivos educacionais. Foi resultado do trabalho de uma comissão multidisciplinar de especialistas de várias universidades dos Estados Unidos, liderada por Benjamin S. Bloom, no ano de 1956. A classificação proposta por Bloom dividiu as possibilidades de aprendizagem em três grandes domínios:

– o cognitivo, abrangendo a aprendizagem intelectual;

– o afetivo, abrangendo os aspectos de sensibilização e gradação de valores;

– o psicomotor, abrangendo as habilidades de execução de tarefas que envolvem o aparelho motor.

A Taxonomia de Bloom é dividida em seis subcategorias, e juntos a estas se relacionam verbos, que visam dar o suporte ao planejamento acadêmico.

Já na versão revisada, apresenta seis categorias, onde os verbos e substantivos pertencem a dimensões diferentes. Sabe-se que diferentes disciplinas requerem processos cognitivos diferenciados;

Na Taxonomia de Bloom (2001) quanto mais complexa é uma tarefa, maior deve ser o protagonismo do aluno para consolidá-la. Dificilmente um aluno aprenderá a julgar uma informação apenas assistindo a outras pessoas desempenharem esta ação.

Em havendo interesse no aprofundamento dessa categoria de planejamentos, sugere-se mergulhar em uma pesquisa mais detalhada acerca do assunto. A intenção aqui foi dar uma pincelada para ampliar os horizontes. É preciso, porém, estudar mais atentamente para uma compreensão mais profunda.

É preciso ainda levar em consideração a regra de ouro: ser flexível. Enquanto estiver construindo o seu plano de aula, consciente que o momento do registro serve como um espaço de reflexão muito especial acerca da mesma.

4 – CONTEÚDOS – Planejar as aulas é tarefa prática e necessita um espírito pesquisador. Quanto mais organizado com o seu material e com seu banco de dados, mais fácil fica construir esse documento tão importante para a qualidade do trabalho docente.

Os conteúdos irão materializar os objetivos projetados, por isso, é bem importante ter um arquivo de ideias, para servir como fonte própria de pesquisa, porém, sem deixar de beber em outras fontes.

Em se tratando dos conteúdos pedagógicos, eles também poderão seguir as dimensões preconizadas por César Coll, sendo agrupados em conceituais, procedimentais e atitudinais. Sendo que, conceituais remete ao que os alunos devem saber, procedimentais ao que devem fazer e os atitudinais conduzem aos que os alunos devem ser.

Vejam algumas possibilidades de verbos que poderão ser utilizados ao utilizar esses três pilares: Conceituais – Aprender a conhecer. Entendendo o conhecimento e diferenciação entre conceitos, informações e princípios. Usar verbos como: Compreender, analisar, refletir, comparar, reconhecer, distinguir, identificar, sanar, ampliar, definir, perceber, interpretar, etc.

Nos objetivos que remetem aos Procedimentais, – aprender a fazer, o aluno experimenta, realiza ações na busca do conhecimento. Utilizam-se os seguintes verbos: Escrever, ler, desenhar, usar técnicas, observar, participar, interpretar, produzir, analisar, entrevistar, coletar, exercitar, apreciar, valorizar, etc.

Na dimensão Atitudinal – aprender a ser e que estão relacionados aos comportamentos, princípios e valores esperados dos alunos. Sugere-se: Cooperar, ser solidário, respeitar, refletir, conhecer, trocar, manifestar, conscientizar-se, avaliar, conviver, compartilhar, etc. Com base nos objetivos definidos, selecione os conteúdos procurando levar em conta as três dimensões preconizadas.

O Documento balizador da Educação do seu município deverá ser consultado a todo o momento, enquanto produz o plano, pois ele é um norte também na busca dos conteúdos. O Currículo Básico da Região Oeste do Paraná, na página 60, aponta cinco eixos como foco de trabalho com os alunos. Transcrevo-os na íntegra:

  • O eixo Identidade e Autonomia se refere ao conhecimento de si mesmo e à construção da própria identidade em interação com o ambiente, sobre o qual a criança pode intervir mediante o conhecimento de seu próprio corpo e da descoberta de suas possibilidades e limitações;
  • O eixo Corpo e Movimento focaliza como a criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos e/ou os sentidos remanescentes, ocupando um espaço no ambiente em função do tempo, captando, assim, imagens, percebendo sons, sentindo cheiros e sabores, dor e calor, movimentando-se. O corpo é o centro, o referencial para si mesma, para o espaço que ocupa e na relação com o outro;
  • O eixo Intercomunicação e Linguagens integra as diferentes linguagens que relacionam o indivíduo com seu meio ambiente. Essas linguagens são consideradas a partir da tripla função: lúdico-criativa, comunicativa e representativa;
  • O eixo Conhecimento Físico, Social e Cultural compreende elementos, espaços, condições, situações e relações que constituem o contexto da criança e incidem em seu desenvolvimento. Nesse eixo, encontram-se referendados os conhecimentos que integram as áreas de História, Geografia e Ciências;
  • O eixo Noções Lógico-matemáticas enfoca os conhecimentos matemáticos como ferramenta para a compreensão da realidade em que a criança vive e para a solução de problemas cotidianos, além de contribuir para o desenvolvimento do raciocínio. Nesse sentido, deve-se encorajar a exploração de uma grande variedade de ideias matemáticas, não apenas numéricas, mas também relativas à geometria, às medidas e ao tratamento de informações, para que as crianças desenvolvam e conservem uma curiosidade acerca da matemática.

Esses eixos são desmembrados em diversos conteúdos, visando alcançar os objetivos propostos a partir dos mesmos. Essa é a principal fonte de pesquisa dos Professores Municipais ao elaborar o seu plano de aula.

Para exemplificar, vejam um dos quadros sugeridos pelo documento.

 

No quadro mostrado, em primeiro plano está o eixo que norteia o trabalho docente. Nesse caso, o “Eixo Identidade e autonomia”. Seguido pelos objetivos.

Logo abaixo nas duas primeiras colunas do lado esquerdo do quadro estão os conteúdos. Na primeira coluna o conteúdo estruturante, como: Conhecimento do corpo – Hábitos – Atividades da vida cotidiana/saúde – História da criança.

E segunda coluna, é desmembrada em conteúdos específicos, como: Compreensão global do corpo, gestos, sensações, higiene, etc., precisam ser articulados através de uma série de atividades pedagógicas, como as brincadeiras, os trabalhos gráficos, as experiências, as músicas, trabalhos no espelho, olho no olho, além das atividades que cada professor conhece e tem no seu arquivo. Sempre aproximando com o escopo de estudo. Nesse caso, identidade e autonomia.

As atividades pedagógicas escolhidas pelos professores vão materializar os conteúdos e esses por sua vez, conduzirão à conquista dos objetivos. Sobre as atividades, vamos aprofundar as reflexões no item desenvolvimento.

De acordo com o Currículo Básico da AMOP aponta que, “o educador deve precisar a definição conceitual dos conteúdos, porém, sempre estabelecendo relação entre ela e outras definições que achar necessário, bem como, com o processo histórico-social” (AMOP 2014, pag. 23). Portanto, não deve fazê-lo de forma fragmentada, linear, ou por etapas. Tornando-se fundamental estabelecer as relações entre o conteúdo e a realidade.

Nesse caso, o documento afirma também que, “mesmo sabendo que o educando elabora um conhecimento a partir de suas experiências empíricas, teorias e explicações, isto não impede que o educador disponibilize para ele as relações necessárias para compreender o conteúdo escolar em seu todo” (p.24, 2014).

Fundamental entender que para alcançar a qualidade na educação, além da dedicação e cuidados no momento de pensar a sua aula, fazer o registro no seu formulário de preferência, necessita um mínimo de preparo dos profissionais na hora de assumir as ações pedagógicas, tornando-se protagonistas de cada apresentação/aula.

5 – DESENVOLVIMENTO OU PROCEDIMENTOS – Nesse espaço do planejamento é onde as intervenções de fato acontecem. Aqui entram as ações pedagógicas escolhidas pelos professores para concretizar os conteúdos. Através de uma metodologia criativa, dinâmica e diversificada, os educadores deverão escolher as atividades sempre as remetendo aos conteúdos propostos. Quanto mais lúdicas melhor. O Currículo Básico da Região Oeste do Paraná afirma que,

Os jogos, as brincadeiras e a linguagem cênica lidam com o real e o imaginário, assumindo papel decisivo no desenvolvimento do pensamento. O momento histórico atual vem impondo, por meio da violência e da intensificação do trabalho dos pais/mães, a individualização cada vez maior das crianças que vêm tendo dificuldades para interagir por meio de brincadeiras e jogos nas praças e/ou outros espaços públicos de uso coletivo. Torna-se de fundamental importância recuperar brincadeiras, brinquedos e jogos que não dependam do consumo excessivo de produtos industrializados, que incentiva relações interpessoais, que ultrapassa a competitividade e a supervalorização da força individual. O brincar, o jogar e o representar são vivências a serem exercitadas, fundamentalmente, pelo prazer que representam por serem formas de lazer que podem ser experienciadas em diversos espaços e que, na maioria das vezes, independem de recursos e exploram a criatividade“. (AMOP 2014,pag. 66).

Aprender de forma prazerosa é o que todos querem. Mais do que uma metodologia é vivenciar uma cultura da brincadeira que liberta a criatividade, desperta sensações únicas, melhora a comunicação, as relações e promove uma experiência inesquecível ao brincar. Tornando-se muitas vezes, um fator transformador de vidas.

Portanto, reafirma-se que a elaboração dos procedimentos do plano de aula conduzem ao conjunto de ações ordenadas nas quais os educadores nortearão suas aulas em práticas. Sempre na direção dos conteúdos propostos anteriormente e que por sua vez tem como foco os objetivos.

Dessa forma, ao pensar a construção do desenvolvimento, ou procedimentos do plano de aulas é preciso lembrar que estão atrelados aos recursos que serão utilizados para a concretização das atividades, pois seria inútil planejar algo que não tenha material para desenvolver.

Seguem dicas especiais na elaboração do desenvolvimento para o planejamento que conduz ao protagonismo, descritos no site Portal da Educação:

Escreva o texto no Futuro do Presente do Indicativo, Exemplos: nós escreveremos, apresentarei o texto, etc.

☻Liste as ideias de forma organizada, sequencial e com clareza.

☻Elabore as atividades de acordo com o tempo da aula. Tente prever quanto tempo levará para a execução de cada atividade.

☻A aula é elaborada para o educando. O objetivo do plano de aula visa a aprendizagem do aluno.

☻Os procedimentos devem ajustar-se ao conteúdo da aula.

☻Os procedimentos devem ser adequados aos objetivos propostos.

☻Certifique-se que sua aula inclui formas de verificação para que o aluno demonstre o que aprendeu.

Nesse sentido, ao levar em conta os itens acima, pode-se tornar o espaço educativo, ou seja, a sala de aula, o pátio, o laboratório, a pracinha do bairro, entre outros, em lugares para aprender brincando e porque não dizer, lugares para ser feliz. Através dos procedimentos estruturados pelo educador, o espaço educativo poderá tornar-se ainda, um ambiente de superação e desafios pedagógicos, que transforma a aprendizagem em significativa para o educando.

Porém, quando a Educação Infantil queima as etapas de vivenciação lúdica na infância, gera um dos desequilíbrios mais importantes, chegando mesmo à perda da capacidade para brincar. Gera o impacto da obrigação precoce. É como se a criança envelhecesse prematuramente. E “com isso perdesse a espontaneidade, a capacidade de brincar e o impulso criativo despreocupado” (MARCELLINO, 1997, p. 65) Isso acontece com os alunos que depois se evadem da escola, ou detestam os estudos.

Nesse caminho, O Currículo Básico do Município afirma,

Segundo Vygotsky (1989), a brincadeira cria uma zona de desenvolvimento proximal, permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento já alcançado (desenvolvimento real), impulsionando-a a conquistar novas possibilidades de compreensão e de ação sobre o mundo. Nesse sentido, o brincar requer a presença do educador, enquanto mediador, atuando como “um elo” entre o individual e o social, entre o real e a fantasia, entre a criança e a sua própria individualidade. Para estimular o seu desenvolvimento, podem ser propostos às crianças jogos criativos com ou sem regras pré-estabelecidas. Os jogos criativos envolvem a predominância da fantasia infantil e se dividem em jogos de representação de papéis, jogos de construção, jogos com elementos da natureza e jogos de dramatização. Os jogos com regras envolvem conteúdos e ações pré-estabelecidas que regularão a atividade da criança. Nessa perspectiva, incluem-se os jogos didáticos, de movimento e de recreação. Os didáticos contemplam os jogos com brinquedos e/ou objetos, os jogos propriamente ditos (quebra-cabeça, cartonados, entre outros) e os jogos verbais (adivinhação, generalização, classificação de objetos, comparação). Os jogos de movimento envolvem as brincadeiras de roda, de correr, os folguedos infantis, a competição entre duas equipes ou duas crianças, entre outros. E, finalmente, os jogos de recreação envolvem música e dança“. (Pág. 65, AMOP 2014).

Portanto, o item desenvolvimento, ou procedimentos do planejamento, tornará a sua atuação de professor e professora, um desafio criativo. Na medida em que, nesse espaço são as suas escolhas das atividades, articuladas à metodologia elencada, que farão toda a diferença para que a suas aulas sejam encantadoras e inesquecíveis. Fortalecendo nos alunos a paixão pela escola.

Mais adiante colocarei uma sequência de atividades diversas, como sugestão na hora de compor o seu planejamento de aula.

6 – RECURSOS – Nesse espaço, devem ser elencados todos os recursos que serão utilizados nas aulas planejadas.

Exemplo de recursos: Equipamento de som – projetor multimídia – giz de cera – folhas de rascunho – jornais e revistas – copos descartáveis – tintas diversas – cartolinas – papel pardo – brinquedos de sucatas – blocos lógicos – livros de história – bolas – bambolês – fantoches – e outros materiais.

Pode se colocar aqui também, o agendamento de algum espaço diferenciado onde a atividade vai acontecer.

Lembrando que o registro de todos os recursos facilita a eficácia do trabalho dos educadores, pois se torna prático para conferir antecipadamente tudo que vais precisar em sala de aula. Evitando assim, saídas desnecessárias de sala, perdas de tempo e prejuízos pedagógicos no cumprimento do planejamento por falta de organização dos recursos.

Por vezes, o momento em que a professora precisa sair de sala de aula, para buscar equipamentos, ou materiais que deveria ter organizado antes, pode acontecer algo inesperado e perigoso, pois as crianças são imprevisíveis e rápidas. Se ficarem sozinhas por um instante que seja, quando menos se espera, acontece algum acidente irreversível. Portanto, é preciso evitar essa possibilidade se organizando antes. Os recursos registrados no planejamento servem para isso, maximizar os resultados dos objetivos planejados.

 7 – AVALIAÇÃO: Nesse campo, os professores devem descrever como acompanharão a aprendizagem dos alunos, quais as formas e como será feito o registro da aprendizagem. É fato que o processo educativo necessita ser avaliado constantemente. Sendo assim, o ato de avaliar está presente em todo o processo. Ele é guiado e definido pelos objetivos. É na avaliação que acontece o processo pelo qual se determina o grau e a quantidade de resultados alcançados em relação a eles, considerando o contexto das condições em que o trabalho foi desenvolvido.

Conforme o Currículo Básico da AMOP,

A Educação Infantil apresenta uma particularidade: os processos avaliativos não interferem na promoção da criança. Isso não significa, no entanto, que têm menor relevância que no Ensino Fundamental e/ou Médio ou que os tornam desnecessários. Pelo contrário, a compreensão de sua importância contribui para a definição dos processos de intervenção e revisão do próprio currículo que ora se apresenta. Os objetivos da Educação Infantil são pontos de referências para a definição dos instrumentos e critérios a serem utilizados para a configuração da avaliação nesta etapa do processo de escolarização, bem como a especificidade desta faixa etária, a qual delimita a utilização de alguns instrumentos em detrimento de outros“. (AMOP 2014, P.89).

No planejamento da avaliação é importante considerar a necessidade de: avaliar continuamente o desenvolvimento do aluno, bem como a prática do profissional.

Sendo assim, a avaliação deve estar presente em todos os momentos da aula. É a leitura de como foi a aprendizagem dos alunos, em relação aos diferentes conteúdos. Nesse momento também, o professor e a professora se questionam:

Como os alunos se envolveram e participaram da aula?

Compreenderam a proposta da aula? O que é percebível que eles aprenderam?

O que deu certo na aula? Ou deixou a desejar?

As metodologias e estratégias deram conta de desenvolver o tema? O tempo foi suficiente?

O que pode ser aprimorado para outra aula?

Quais foram as dificuldades dos alunos? E as facilidades?

Eles interagiram?

Você foi mediador, facilitador do processo de aprendizagem dos alunos? Você atingiu sua meta?

Esses são alguns questionamentos que auxiliam o processo de avaliação da sua aula e da aprendizagem da turma.

Como afirma o Currículo Básico para Escola Pública Municipal (grifo meu),

A avaliação não fornece indicativos apenas sobre o que o educando aprendeu ou deixou de aprender, sobre o que domina ou não domina, sobre o que se apropriou ou não apropriou, ou apropriou de forma parcial. O importante são os questionamentos que decorrem dos resultados obtidos: quais fatores interferiram? Quais ações de intervenção pedagógica se tornam necessárias? Quais ações administrativas se revelam como fundamentais? A organização e a estrutura que auxilia no processo pedagógico interferiram ou não? O que pode ser melhorado? Enfim, a busca de respostas para essas e outras questões contribuem para o repensar permanente sobre a prática realizada no interior das instituições educativas“. (AMOP 2014,P 88)

Pois quando se exerce a avaliação de forma consistente, percebe-se a necessidade do repensar sobre a prática, dentro e fora da sala de aula, exercendo um olhar sobre as crenças profissionais e tendo a oportunidade da mudança de rota sempre que for viável. O que é algo muito especial e deve ser encarado como oportunidade de crescimento.

É hora, portanto de verificar se foram selecionadas situações de avaliação diversificadas, coerentes com os objetivos propostos. Se prevem recursos didáticos, atividades para os alunos e formas de avaliação capazes de permitir a apreciação dos conhecimentos processados. Se o material utilizado durante a ação docente foi coerente com o tema proposto e atingiu os objetivos estabelecidos. E se a construção do conhecimento foi realizada a partir da contextualização do tema, envolvendo questões cotidianas dos alunos, apresentando uma estrutura lógica e própria para idade e nível cognitivo.

Quando se dá uma atenção especial para o item avaliação do planejamento das aulas, no momento adequado, os professores já estarão com o parecer descritivo de seus alunos muito bem encaminhados.

Pois bem, com relação ao instrumento de Planejamento, o básico e o mais importante estão contemplados no que foi dito até o momento. Verificando atentamente esse conteúdo, juntamente com o Currículo Básico Para a Escola Pública Municipal, AMOP 2014, os profissionais da Educação Infantil, conseguirão fazer belos projetos para suas aulas.

PRINCIPAIS DOCUMENTOS BASE PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Faremos aqui uma breve reflexão acerca do olhar proposto pelos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Bem como uma piscadela sobre a Base Nacional Comum Curricular. Além dos eixos de estudos do Currículo Base da AMOP. Serão pequenos excertos para despertar o interesse de um exame mais detalhado e profundo, por parte dos professores e das professoras da Educação Infantil.

Conforme o Referencial Curricular Nacional (2010) para a Educação Infantil, essas três dimensões são bem importantes e devem pautar o trabalho dos profissionais que atuam nessa fase da vida. O Educar, o cuidar e o brincar. Elas estão interconectadas e precisam ser articuladas de acordo com o desenvolvimento da criança.

  • EDUCAR – Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos (RCNEI, p. 23).
  • CUIDAR – A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Além do acolhimento, segurança e proteção a criança (RCNEI, p. 24).
  • BRINCAR – No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando (RCNEI, p. 27).

Sendo assim, brincar é algo que se aprende. É trabalho dos professores, observar, fazer mediações e por vezes disponibilizar o que estiver faltando no contexto da brincadeira. Quando a educadora entra na brincadeira, existe a possibilidade de melhorar a qualidade dessa brincadeira, através das suas intervenções, além do cuidado com o espaço e os objetos adequados.

No brincar, o simples e a simplicidade tornam-se fascinantes e mágicas – sucatas – caixas de papelão – pneus de carro, moto e caminhão – areia – potes vazios – cabos de vassouras – água e tantas outras coisas e objetos, viram relíquias pelo olhar infantil.

Portanto, a participação do adulto nas brincadeiras das crianças tem uma função muito especial. Consequentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar.

É nesses momentos que os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem.

Lei 9394/96 – LDB Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

Dessa forma, a definição da BNC para a EI partiu das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil que evidenciam os direitos das crianças a acessar a processos de apropriação, renovação e articulação de saberes e conhecimentos e à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outros meninos e meninas.

CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS DA BNCC

1O eu, o outro, o nós – 2 •Corpo, gestos e movimentos – 3 •Escuta, fala, pensamento e imaginação – 4 •Traços, sons, cores e imagens – 5 •Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Apresento aqui um breve detalhamento acerca dos campos de experiências.

O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista.

Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade.

Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras.

Oralidade e escrita – A Educação Infantil é a etapa em que as crianças estão se apropriando da língua oral e, por meio de variadas situações nas quais podem falar e ouvir vão ampliando e enriquecendo seus recursos de expressão e de compreensão, seu vocabulário, o que possibilita a internalização de estruturas linguísticas mais complexas.

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações – As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.) Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.)(Pag.37 e 38).

DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL – BNCC

Seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as condições para que as crianças aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural.

CONVIVER – BRINCAR – PARTICIPAR – EXPLORAR – COMUNICAR  -CONHECER-SE

Um breve detalhamento acerca desses direitos extraídos na íntegra do documento.

  • Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
  • Brincar de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), de forma a ampliar e diversificar suas possibilidades de acesso a produções culturais. A participação e as transformações introduzidas pelas crianças nas brincadeiras devem ser valorizadas, tendo em vista o estímulo ao desenvolvimento de seus conhecimentos, sua imaginação, criatividade, experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
  • Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.
  • Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
  • Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
  • Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. (BNCC pag. 34).

Transcrevo aqui na íntegra os cinco eixos balizadores do trabalho docente na Educação Infantil, direcionado pelo currículo da AMOP.

CURRÍCULO BASICO PARA A ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL DA REGIÃO OESTE DO PARANÁ- AMOP.

1) O eixo Identidade e Autonomia se refere ao conhecimento de si mesmo e à construção da própria identidade em interação com o ambiente, sobre o qual a criança pode intervir mediante o conhecimento de seu próprio corpo e da descoberta de suas possibilidades e limitações;

2) O eixo Corpo e Movimento focaliza como a criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos e/ou os sentidos remanescentes, ocupando um espaço no ambiente em função do tempo, captando, assim, imagens, percebendo sons, sentindo cheiros e sabores, dor e calor, movimentando-se. O corpo é o centro, o referencial para si mesma, para o espaço que ocupa e na relação com o outro;

3) O eixo Intercomunicação e Linguagens integra as diferentes linguagens que relacionam o indivíduo com seu meio ambiente. Essas linguagens são consideradas a partir da tripla função: lúdico-criativa, comunicativa e representativa;

4) O eixo Conhecimento Físico, Social e Cultural compreende elementos, espaços, condições, situações e relações que constituem o contexto da criança e incidem em seu desenvolvimento. Nesse eixo, encontram-se referendados os conhecimentos que integram as áreas de História, Geografia e Ciências;

5) O eixo Noções Lógico-matemáticas enfoca os conhecimentos matemáticos como ferramenta para a compreensão da realidade em que a criança vive e para a solução de problemas cotidianos, além de contribuir para o desenvolvimento do raciocínio. Nesse sentido, deve-se encorajar a exploração de uma grande variedade de ideias matemáticas, não apenas numéricas, mas também relativas à geometria, às medidas e ao tratamento de informações, para que as crianças desenvolvam e conservem uma curiosidade acerca da matemática. (AMOP, Pag. 60).

Lembrando que no documento da AMOP, esses eixos estão muito bem detalhados e apresentados nos quadros, com sugestões dos objetivos a serem alcançados pelos alunos, além dos conteúdos para desenvolvê-los.

ALGUMAS ATIVIDADES POSSÍVEIS

Nesse espaço, vou descrever uma sequência de possibilidades pedagógicas. São atividades diversas, que os professores e professoras poderão distribuir de acordo com cada eixo a ser trabalhado, articulando com os conteúdos.

Brincadeiras Simbólicas

São atividades onde os objetos são utilizados como suporte para o diálogo com a criança. Pode se favorecer o desenvolvimento da atividade representativa em seus aspectos simbólico e linguístico.

Ex. de Atividades Simbólicas

  • Brincar livremente
  • Dramatizar histórias – Para contar uma boa história é preciso planejar.
  • Compor narrativas em grupo para posterior dramatização.
  • Discutir sobre tópicos variados
  • Sugerir temas ou desenhar livremente
  • Literatura infantil
  • Brincar com fantasias
  • Utilizar a linguagem plástica, artes, pinturas, desenhos e muitas outras.

Reprodução de sons e gestos

Imitar significa reproduzir um modelo fornecido. Essa imitação impregnada de afetividade, constitui, juntamente com outras atividades, a base de um conhecimento relativo ao próprio corpo que evolui de modo progressivo a medida que a inteligência se estrutura.

Ex. atividade de reprodução de sons e gestos

  • Imitar sons e gestos sugeridos por um modelo.
  • Decifrar mímica, imitar o gesto do modelo e em seguida o gesto contrário.
  • Imitar o gesto do modelo e propor em seguida um gesto diferente.

Reprodução de arranjos feitos com objetos

  • A compreensão de configurações diversas e de um conjunto de relações topológicas integradas a composição de modelos.
  • A proximidade, a separação, a ordem espacial entre os elementos, os contornos,
  • Auxiliam no conhecimento de proporções, direções, posições, ângulos, as relações mútuas entre os objetos.
  • Lugar ou situação no espaço.
  • Reproduzir configurações simples com um só tipo de material.
  • Reproduzir configurações complexas com um só tipo de material
  • Reproduzir modelos com objetos diversificados
  • Reproduzir modelos ausentes
  • Fazer antecipações

Atividades sensório-motoras

Brincadeiras sensório-motoras visam o aprimoramento dos esquemas, e simultaneamente, constituem situações que propiciam a colocação de certas questões que conduzem a criança a refletir sobre o fazer.

Esquemas = Estruturas mentais e cognitivas pelos quais indivíduos se adaptam ao meio, Podem ser de natureza reflexa, choro, sucção, movimentar mãozinha, pezinho – construídos, pular, correr.

Ex. de brincadeiras Sensório-motoras

  • Bater em objetos suspensos – alvos
  • Assoprar para deslocar –
  • Soltar objetos de entro de caixas
  • Recortar – colar grãos, palitos, bolinhas, barbante,
  • Pintura livre a dedo, giz, lápis,
  • Cordas – amarelinha – peteca – bolas – rasgar,
  • Saltar obstáculos – massa de modelar
  • Amassar papel – encaixar – rosquear – enfiar contas,
  • Empilhar e empurrar sem desfazer ,

Classificação

Permitem a construção de arranjos com invenções progressivas dos critérios utilizados para reunião de objetos numa ou em várias coleções.

A semelhança e diferença entre elementos oferecidos, descobertas pelas crianças, significa os professores não fornecer critérios de seleção, mas contra-argumentar se ela concorda em agrupar num só conjunto duas ou mais coleções e porquê.

Ex. de atividade de classificação

  • Dê um como este
  • Separe os parecidos
  • Separar o mesmo material continuamente.
  • Discutir os vários critérios adotados na seleção das coleções.
  • Julgar os critérios de separação de um ou outro grupo.
  • Descobrir os critérios adotados em coleção previamente formadas
  • Achar um objeto diferente dos demais
  • Introduzir novos elementos nas coleções já feitas.
  • Completar espaços vazios dos arranjos.

Seriação

Possibilitam a construção de séries, isto é, aprender ordenar conjuntos de  objetos que apresentam diferenças entre si.

Compreender que a ordem se impõe de dentro para fora, pois é uma construção do sujeito, significa que não se corrige qualquer resposta espontaneamente dada e nem se instrui a criança para que ela coloque a peça maior na frente.

Ex. de atividade de seriação

  • Faça uma torre – faça uma escada
  • Correspondência serial – Desenhar as séries
  • Nomear os elementos da série e dizer como foi construída a escada;
  • Estimular o uso de termos que envolvem relações
  • Quantificação aplicada a série;
  • Construção conjunta de várias séries

Quantificação

Duas situações básicas:

  • Manipular objetos contáveis, estabelecer uma correspondência um a um entre eles,
  • Noutra situação, avalia as proporções em pequenos montes de elementos não contáveis (liquido, areia, massa) colocados em recipientes diversos.

Compreender questões como:

  • Onde tem mais? Onde tem menos?
  • Porque você estabeleceu esta ordem entre os montes?

Constitui uma das condições para que a criança construa noções de conservação da substância e de unidade.

Ex. potes de vários formatos, com mesma quantidade de elementos.

Ex. de quantificação

  • Realizar transvasamentos;
  • Distribuir objetos heterogêneos e qualitativamente complementares
  • Preencher linhas desenhadas com o mesmo tanto de objetos;
  • Distribuir objetos homogêneos;
  • Distribuir objetos homogêneos com e sem modelos;
  • Preencher linhas com objetos homogêneos e heterogêneos;
  • Distribuir uma quantidade fixa de objetos para um número crescente de amigos;
  • Igualar coleções – comparar e compor coleções ordenando-as de acordo com a quantidade de seus elementos;
  • Avaliar a quantidade de elementos não contáveis; Resolver problemas práticos.

Alguns procedimentos didáticos

  • É muito importante a introdução de atividades de forma lúdica recorrendo a situações como refeições, distribuição de materiais, onde todos recebam a mesma quantidade.
  • Questiona-se: todos tem a mesma quantidade, por quê? As respostas das crianças são retomadas e devolvidas na forma de novas perguntas.

Espaço

A noção de espaço começa a se desenvolver desde o nascimento e está sempre subordinada a progressos da inteligência.

É agindo sobre as coisas que a criança pode construir um sistema de relações espaciais referentes a seus próprios movimentos, seus movimentos X objetos e objetos entre si.

Ex. de atividade de construção da noção de espaço

  • Realizar percurso com obstáculo
  • Percorrer figuras diversas
  • Reproduzir ações motoras ordenadamente
  • Completar sequencia
  • Reproduzir ordem linear
  • Reproduzir ordem circular
  • Desenhar percursos e figuras diversas
  • Reproduzir modelos variados
  • Coordenar perspectivas

 

Tempo

O tempo constitui, assim como o espaço, uma criação que é aprendida pela criança em função de acontecimentos dos quais participa.

Planejam-se atividades afim de que a criança coordene os movimentos nas ações realizadas, antecipadas ou reconstituídas pela memória, para assim acomodar a noção de tempo e de que maneira nós o medimos.

Ex. de atividade de noção de tempo

  • Que tenham noção de duração,
  • Noção de ordem,
  • Noção de simultaneidade. (coloca-se uma música para a execução e uma tarefa),
  • Avaliar e diferenciar movimentos lentos e rápidos levando em conta pontos de referencia, e justificando a resposta.
  • Passos rápidos e amplos – rápidos e curtos,
  • Soltar de mesma altura objetos com pesos e tamanhos diferentes,
  • Deslizar objetos diferentes em planos inclinados;
  • Avaliar duração de movimentos realizados por duas ou mais crianças em termos de: quem fez mais de pressa? Por quê? … De vagar? Por quê?

 

Algumas dicas para brincar com Bebês

 

Bebês – brincam de forma mais individualizada e seu tempo de concentração em determinadas tarefas é limitado.

  • Tomar sol diariamente, passear, ir à pracinha;
  • Ouvir e olhar historinhas
  • Escutar músicas de diferentes ritmos;
  • Brincar com caixas de vários tamanhos;
  • Saco surpresa com vários objetos dentro;
  • Móbiles que possam tocar;
  • Conhecer o corpo através do espelho;
  • Guardar os seus próprios brinquedos;
  • Brincar com potes e frascos vazios;
  • Caixa de areia – cortinas e fantoches – revistas
  • Brincar de faz de conta com roupas – chapéus – maquiagens
  • Objetos e texturas – bolinha de sabão – roda cutia – cirandinha – minhoquinha – bambolê, passa por dentro – andar em cima de corda, equilíbrio – com a corda – esconder em baixo de lençol – correr atrás – pegar e fugir…

 

REFERÊNCIAS

BNCC – 2018

Currículo Básico Para a Escola Pública Municipal – AMOP, 2014.

Referenciais Curriculares Nacionais Para a Educação Infantil. 2010.

COLL, Psicopedagógica à Elaboração do Currículo Escolar. São Pauto: Ática, 1997.

COLL, C. Psicologia e currículo: uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São Paulo: Editora Ática, 2003.

FREIRE, Madalena. Educando o olhar da observação – Aprendizagem do olhar. Texto retirado do livro: Observação, registro e reflexão. Instrumentos Metodológicos I. 2ª ED. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE. Madalena: Observação, registro, reflexão: Instrumentos Metodológicos.

FUSARI. José Cerchi – O planejamento do trabalho pedagógico: Algumas indagações e tentativas de respostas.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Taxonomia_dos_objetivos_educacionais

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/descrevendo-os-procedimentos-de-planejamento-de-aula/41576

MACHADO, Maria Lúcia de A – Educação Infatil e currículo: A especificidade do projeto educacional e pedagõgico para creches e pré-escolas.

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da animação. São Paulo: Papirus, 1997.

OLIVEIRA. Zilma de Moraes Ramos de: et alii, Creches: Crianças, faz-de-conta & Cia

PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

Projeto de estágio do curso de Pedagogia UFSC 1997Et alli: Três cabeças que não se entendem passam fome de tanto pensar… Reflexões sobre planejamento, registro e avaliação.

SCHIEFLER. Angela R. K e Silva: Dos “power rangers” aos seres encantados: um passeio pelo mundo do faz-de-conta com crianças de 2 anos e meio a 3 anos e meio.

SOUTO-MAIOR. Sara Duarte: Relato de uma aventura: Mapas, diário de bordo e tesouros organizando e transformando o trabalho do educador infantil

THOMAS. Mónica Diniz et alii: Projeto de trabalho definindo a intencionalidade do professor

VYGOTSKY, L. S. A Formação social da mente. 3. ed., São Paulo: Martins Fontes, 1989. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. 3. ed., São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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Professor Lilo Dorneles. (currículo resumido)

Pedagogo – Supervisão e Administração escolar – FEEVALE – Novo Hamburgo.

Provisionado em Educação Física – CREF2/RS – Registro 3041. SOCIOLOGIA, UNIP –

Mestrando em Inclusão social e diversidade cultural, FEEVALE – Ator, mágico e diretor artístico. Organizador do FESTIMAGIC – Festival Internacional de Mágicas. Especialização em Biodança – Federation Internationale de Education Phisique/FIEP. Foi assessor da coordenação da subsecretaria do menor de Campo Bom, de 1989 a 1996 – órgão que coordena 21 núcleos de trabalhos com crianças – Educação Infantil e atividades extra classe com

alunos de 0 a 14 anos. Implantação de trabalhos com meninos em situação de rua em

Campo Bom. Pesquisador e escritor de 02 livros já publicados e de 2 CD’s com uma

coletânea de músicas do folclore infantil e músicas para brincar. Sócio diretor da

empresa “Semente Mágica Cursos e Eventos Ltda. Mais de 3000 palestras apresentadas

no Brasil e Mercosul.

Contato Para Palestras – Cursos e Shows de Mágicas:

lilodorneles@gmail.com – whatsapp: 045 99977 8237

Professor e Mágico Lilo Dorneles Meu canal no youtube: INSCREVA-SE… https://www.youtube.com/channel/UCTAm1IELRcp76mMUEMZ5e0Q CONTATOS: Fones: 45 3525 6496 –  lilodorneles@gmail.com

 

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

De acordo com Tolstoi, “A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.” É fundamental o resgate do respeito, do afeto, do carinho, sobretudo do amor verdadeiro nas famílias. Uma sociedade melhor começa em casa. Cabe aos líderes da família, no caso o pai e a mãe, a responsabilidade de administrar essa instituição. O que nem sempre é muito fácil. Há pessoas que são exímios gerentes, gestores de empresas e tem muitas dificuldades para dirigir a sua própria casa, a sua família, o que muitas vezes acaba falindo. Percebe-se que cada vez mais o ser humano se distancia do afeto, não sabendo como lidar com esse sentimento. E o afeto é a principal metodologia de administração da principal instituição da vida humana. A FAMÍLIA.  Diferente de administrar um negócio, necessita de um profundo equilíbrio entre o coração e a razão.

Mesmo sendo parte uns dos outros, são seres muito diferentes convivendo intimamente, assim, por vezes não se compreendem não se conhecem e não conseguem lidar com os conflitos. Mesmo sendo famílias bem pequenas, composta por três pessoas em alguns casos, pai, mãe e um filho, não conseguem viver em harmonia e a turbulência toma conta das relações. A sociedade atual está em crise de paciência – ciência da paz – sentimento esse que é a base da compreensão entre sujeitos humanos, deixa se manipular pela pressa, mergulhando nas frustrações da velocidade no mundo pós-moderno e escutando cada vez menos uns aos outros.

O sentimento do egoísmo está em alta, “as minhas coisas…, o que eu tenho… os meus problemas…, o que eu faço…, o eu em primeiro lugar”, impede de compartilhar e permitir que o outro compartilhe as suas vivências, suas histórias e os seus saberes.  Impede o olhar para o outro exercitando com sensibilidade a compreensão do seu momento e de suas necessidades. Muitos pais, não tem tempo nem para si, que dirá para os filhos. Assim, torna-se mais fácil fazer todas as vontades do que educar, pois educar demanda dedicação, tempo e vínculo. Produzindo com essa postura, um sujeito que não consegue viver em mundo real, com sérios problemas de comportamento e muitos conflitos nas relações humanas, pois o mundo de quem desenvolveu a cultura do ter tudo na hora que quer, sem regras, sem disciplina e tendo de uma forma ou de outra as vontades atendidas, não está de acordo com a realidade. Aquilo que num primeiro momento, para os pais, poderia ser algo bom para os filhos, mais tarde acaba se convertendo em dificuldades, sofrimentos e decepções.

O Art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente, lei 8069 de 1990, cita o seguinte: Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e Educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

Portanto, cumprir com eficácia o papel de pai e mãe é lei, porém, o que deveria ser algo natural, com amorosidade, boa vontade e consciência, ainda precisa estar presente através de um artigo na legislação para que seja cumprido, evitando muitas vezes o abandono e o desleixo daqueles que deveriam proteger, cuidar e educar. Portando, ensinar os limites para as  crianças também é um gesto de amor, dar carinho e afeto é obrigação, é o papel dos pais.

Ensinar os filhos para serem vencedores, superar desafios com coragem e garra, não para serem melhores do que os outros, mas para que saibam usar da melhor maneira possível os seus próprios potenciais e habilidades, mesmo com todos os desafios que o dia a dia reserva, também fazem parte das tarefas dos progenitores. Prepará-los para que tenham consciência critica, saibam dizer não quando necessário e orientá-los é sempre o melhor caminho. A insegurança está em todos os lugares, os jovens naturalmente são ousados e muitas vezes o desafio de transgredir as regras passa ser fonte de superação e prazer.

A competitividade egoísta é o comportamento que impera e passa ser estimulado na sociedade, a mídia que entra diariamente nos lares, muda a cultura e os valores das pessoas, cria novas necessidades e convence os que não tem maturidade critica dos modismos que invadem as vidas, com um grande apelo visual, de forma sedutora e criando vícios e dependências precoces.

Quando as crianças dessas realidades não têm os seus desejos atendidos, sentem a frustração por não ter soluções fáceis para suas “necessidades”, buscando o refúgio nas drogas, nos furtos ou no crime. Portanto, Dialogar e compartilhar os desejos, sonhos, medos, conquistas, desafios, compromissos e responsabilidades. Trocar experiências, realizar atividades junto às crianças, na escola e em casa, construir laços de amizade e companheirismo para superar obstáculos e celebrar a vida é o melhor caminho para a família. Queremos uma sociedade melhor, pois é preciso começar em nossos corações e em seguida dentro de nossas casas. (Lilo Dorneles)

Contato com o autor: lilodorneles@gmail.com

A VOLTA DOS BRINQUEDOS FOLCLÓRICOS

Tenho dito já há algum tempo que a vida é feita de ciclos. Houve uma época em que os brinquedos folclóricos eram a única fonte de diversão e socialização.

Depois entre outras novidades, surgiu a tecnologia que tomou conta da vida de todos, inclusive das crianças e adolescentes. Porém, quando essa atividade desequilibra a vida das pessoas, vira um vício perigoso e com sérias consequências.

Estamos começando a nos dar conta da necessidade de resgatar atividades antigas saudáveis, lúdicas e divertidas que proporcionavam além da alegria da convivência, vários aprendizados. Como é o caso dos brinquedos e brincadeiras folclóricas. Servindo como alternativa ao vício nas tecnologias móveis.

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Uma possibilidade muito bacana seria as escolas, tanto da Educação Infantil, quanto do Ensino Fundamental, oportunizarem ás famílias, participarem de um tempo juntos com seus filhos, para lembrar e construir esses brinquedos e assim desfrutarem de momentos ricos em aprendizagens, convivência, afeto, amor e alegria.

Clica na imagem e veja essa reportagem do Programa Pequenas empresas grandes negócios.

ÉPOCA DA PÁSCOA, UMA REFLEXÃO ESPIRITUAL

Estamos na época da páscoa e muitos costumes, culturas e hábitos são postos em prática nesse tempo.

As mais diversas crenças vêm à tona. Além de muitas especulações e verdades por vezes frágeis.

Talvez o meu pensamento nesse breve texto se torne polêmico. Não tem problema, por ser a minha forma de pensar nesse momento e essa, poderá mudar com a história e as aprendizagens da vida. Sem a pretensão de ser um texto acadêmico, tão pouco comprovar nas escrituras, ou cientificamente as ideias aqui apresentadas, revelam apenas um modo singular de refletir, construído ao vivenciar e observar diversas situações que se chocam com aquilo que creio até então.

O fato é que para a fé não há dúvidas. A fé é singular e subjetiva. Acontece para cada sujeito de forma única e é digna de respeito. É dela, porém, que muitos perversos tiram proveito.

Por isso, não tem como não pesar o fato de vivermos um tempo em que tantos espertalhões e “donos da verdade” se apresentam como solução da vida e da morte humana. Manipuladores profissionais que prosperam ao aproveitar da ignorância, da ingenuidade e da fé das pessoas, impondo um discurso convincente para forjar o medo, a culpa e até mesmo a ganância dos menos avisados, que mergulhados nessas sensações, são conduzidos a entregar suas “melhores ofertas” como uma “semente” que vai germinar em gordas contas bancárias desses “líderes religiosos”. Sujeitos e seitas disfarçadas de religião que arrecadam milhões, mantendo um povo sob controle rígido, escravizados por uma ideologia e um fundamentalismo tendencioso, capaz de manipular as escrituras e dramatizar milagres para dar veracidade a essa cultura.

É bem provável que dirão dessas palavras serem inspiração do capeta. Já que muitos rótulos são colocados naqueles que não se dobram as suas vontades. Discordam de suas práticas e pensam diferente. Os que não colaboram para manter seus templos, o estilo de vida de alto padrão e seu ego inflado, bajulando e paparicando suas “autoridades”, geralmente são ameaçados com o fogo eterno, ou com o pavor das legiões demoníacas os atormentando. E não faltarão textos bíblicos, canalizados de forma destorcida para sustentar suas intimidações  diabólicas.

Entretanto, o amor de Cristo não é propriedade de nenhum lugar ou sujeito, ele é onipresente. É verdade, é caminho e vida. Por isso cresce, se perpetua e não necessita intermediários. O amor de Jesus é para todos, até mesmo para aqueles que o crucificaram.  Não importa a situação precária que o sujeito viva, se permitir, esse amor o alcançará, de forma grandiosa e verdadeira. De maneira simples, concreta, sem nenhum aparato complexo e exigências descabidas. O amor de Cristo é capaz de encontrar a relíquia escondida na fragilidade humana, sem se importar com o lugar onde o sujeito esteja ou como está vivendo.

Não fostes vós que me escolhestes; ao contrário, Eu vos escolhi a vós e vos designei para irdes e dardes fruto, e fruto que permaneça. Sendo assim, seja o que for que pedirdes ao Pai em meu Nome, Ele o concederá a vós. João 15:16.

O fruto principal deixado como um legado por Cristo é a humildade, o amor e a caridade. Contudo, em todas as coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou Rm 8:37. Ele está aqui comigo e está aí com você, basta aceitá-lo, amá-lo, de forma verdadeira. Esse amor se materializa de forma concreta, no amor ao próximo, na humildade e na caridade.

EU AMO ESSE JESUS!!!

(Lilo Dorneles, 30/03/2018.

UMA HISTÓRIA  DE MUDANÇAS, DESAFIOS E CONQUISTAS

 

 

[…] O homem é um ser histórico; move-se na ordem da perpetuação. Essa perpetuação não termina com a reprodução do indivíduo, mas prossegue pela transmissão do conhecimento, que é também transmissão de formas de ser, de formas de crer. Portanto, o simbólico se transmite ao mesmo tempo que o conhecimento dito ‘científico’. Assim, transmitimos uma realidade cultural dentro da escola. (PAIN, 1995, p.22)

A caminhada cotidiana define a nossa história, que para além do passado, vai sendo construída a cada dia, a cada instante. Descobrimos novos caminhos, transformamos outros e o ciclo continua sendo exercitado durante toda existência, podendo acontecer de maneiras diversas de acordo com os sujeitos que participam de cada momento. Nossas ações, intervenções, construções se unem a outras ações, formando novas histórias e definindo novos caminhos, nesse processo, a mudança é uma constante e uma certeza.

A história da minha infância, adolescência e vida adulta se faz através de um processo dinâmico de mudanças. Vivendo no interior do estado do Rio Grande do Sul, foram diversas experiências, escassez, superação, aprendizados e conquistas. Na primeira infância, entre os anos 1966 e 70 e poucos… Experimentei um tempo em que hoje é até difícil imaginar. Como era possível viver sem luz elétrica, sem geladeira e sem banheiros? Não se tinha comunicação instantânea, os recados eram por carta e demoravam muito a chegar. A carência de alimentos e roupas eram grandes. Televisão? Não sabíamos o que era… Quando muito, havia um radinho de pilhas em ondas curtas. Telefone só tinha um para a cidade e era a manivela. Os livros eram coisa rara.

Todas essas dificuldades e privações, forjaram a persistência, força de vontade e a descoberta de que cada situação da vida, tem-se muito a agradecer e manter a esperança de que novos tempos virão.

Ainda era criança, vivia no então distrito de Derrubadas RS, hoje uma linda cidade, terra do Salto do Yucumâ, a maior queda d’água longitudinal do planeta. Nesse lugar, na maioria das vezes com os pés descalços, acompanhava os pais na lavoura. Ali os tocos de árvores caídas, conchas de caramujo e pedras diferentes eram motivo de alegria e mil histórias.

Chegando a hora de iniciar os estudos, fui acolhido no Grupo Escolar Getúlio Vargas, Dona Genira era a diretora, uma senhora elegante e séria, todos a respeitavam muito. Nesse tempo começou a grande mágica de transformação da vida. Conheci a primeira professora, a chamávamos de Irmã Maria, uma freira, muito afetuosa, amorosa e eficaz em seu trabalho. Em pouco tempo me alfabetizou e marcou tanto a minha vida que nunca mais a esqueci. Falarei mais sobre ela adiante.

Depois a mudança para o Alto da Bela Vista, uma comunidade cheia de morros e terras difíceis de cultivar, mas com gente acolhedora, amável e que cuidavam uns dos outros. Morávamos em uma pequena casinha de madeira ao pé do morro, bebíamos água da fonte, essa mesma fonte que servia de geladeira para resfriar bebidas, e frutas, bastava deixar um tempo mergulhado na água límpida e fria.

Acordávamos bem cedo com o canto dos pássaros, da saracura e dos galos. O trabalho era pesado, mas uma coisa deliciosa de se fazer, era sentar em uma pedra lá no alto do morro e ficar olhando o horizonte, era uma paisagem poética ver lá em baixo o “cotovelo” do Rio Turvo, com suas águas sempre de cor marrom.

Aproveitava os finais de semana e o tempo livre para brincar de forma saudável com os amigos, correr pelos campos, escorregar na grama e muita conversa.

Lembro-me quando construíamos nossos próprios brinquedos, fazendo carros e caminhões com pedaços de madeira e carretel de linha, além de vários outros itens utilizados, tudo isso, fez com que a infância fosse marcante na minha história.

Desde cedo, o trabalho intenso no campo para ajudar os pais, era natural e algo que já estava imbricado na cultura, vinha sempre em primeiro lugar. Trabalho/ estudos e só então, o tempo do lazer e diversão.

Nessa época, a paixão por aprender e estudar era grande. Talvez uma compreensão subjetiva de que a possibilidade de mudança nessa caminhada passaria pela educação.

Mas as dificuldades de se viver e estudar no interior do estado eram enormes. Grandes distâncias a serem percorridas a pé até chegar à escola, pois não se tinha transporte escolar. Enfrentávamos por vezes a chuva e muito frio, ou então calor e sol escaldante. Uma escola multiseriada e sem estrutura, não oferecia a continuação dos estudos, indo somente até a quinta série. Essas condições acabaram provocando uma interrupção nos estudos, o que foi retomado só alguns anos depois.

Porém, no tempo livre, o espaço das brincadeiras sempre foi garantido e preservado. Naquela época, não tínhamos meios tecnológicos, brinquedos eletrônicos, mídia televisiva, mídias sociais, vida online e outros tantos vícios que invadem a infância de hoje, era preciso garantir e construir nossa própria ludicidade. Isso acontecia junto à natureza, campos, riachos, árvores, pátio da casa e do lugar onde vivíamos, fez e faz sentido até hoje, nas múltiplas habilidades profissionais que consegui desenvolver.

Era fase da adolescência, entre os 13 e 14 anos de idade, a família migrou para periferia da grande Porto Alegre capital do estado. Venho de família grande, mãe, pai e oito irmãos, com a necessidade de auxiliá-los, foi preciso partir para o mercado de trabalho nas indústrias desde muito cedo para dar conta da sobrevivência.

Nesse período, com esforço pelo próprio trabalho, foi possível a aquisição de um violão e com a orientação de alguns amigos, iniciei a aprendizagem musical, o que acabou não avançando.

Enfrentávamos uma crise de oportunidades de trabalho na grande Porto Alegre e seguindo dicas de alguns amigos e viajei para Campo Bom, praticamente só com o dinheiro da passagem. A cidade está localizada no vale do Rio dos Sinos e na época fazia parte de um grande polo calçadista que se estendia por toda aquela região.

A fabricação de calçados absorvia muita mão de obra e por isso, havia emprego em abundância. Todos diziam que era lugar de prosperidade e crescimento, isso se confirmou. Comecei trabalhar nas fábricas de calçados e fiquei longo tempo sem voltar pra casa. A família estava muito preocupada, pois não tínhamos comunicação instantânea na época. Enfim, o primeiro salário e a possibilidade de visitá-los e contar as novidades. Não demorou a todos me seguirem e mudar para essa cidade.

Nesse período retomei os estudos na Escola Estadual Ildefonso Pinto. E foi aí que o teatro entrou na minha vida. A oportunidade foi oferecida pela escola, para os alunos da sexta a oitava série do ensino fundamental noturno, uma oficina organizada por iniciativa da professora Yolanda de Português. Ela se preocupava com o fato dos alunos noturnos trabalharem tanto e não terem alternativas culturais. O que os deixava limitados no exercício do pensar e refletir o seu modo de vida.

Novamente a escola foi presença forte, decisiva e mágica na minha história. Pela intervenção da professora Yolanda, outra grande mudança aconteceu. Fica a certeza do quanto o olhar e a ação de uma professora com um propósito grandioso, que almeja deixar um legado, têm sim o poder mágico de transformar e empoderar os alunos. Ela era de Português, mas usou a arte para articular esse efeito.

A professora Yolanda nos contou o seu sonho com tanto entusiasmo e brilho no olhar que nos contagiou positivamente. Convidou o ator hamburguense Luis Fernando Rodembuch para conversar sobre teatro com os alunos. Ficamos todos encantados e queríamos começar imediatamente. Combinamos que as aulas seriam aos sábados e cada um pagaria uma mensalidade para o então professor. Depois de longo tempo de preparação e exercícios de laboratório, surgiu o Grupo de Teatro “Também, mas não só” que montou a peça “Missão quase impossível”, uma comédia muito divertida. O grupo participou de festivais, foi premiado e fez diversas apresentações na região.

Lilo e Noeli, em uma das cenas do espetáculo “Missão Quase Impossível” Grupo “Também mas não só”.

Percebi que esse era o caminho eu que seguiria por algum tempo, pois me apaixonei pela arte de representar. Precisei fazer a escolha entre crescer profissionalmente nas indústrias calçadistas, ou seguir a arte. Optei pela segunda. Conforme Reverbel (1989, p. 21), “a arte desempenha um papel extremamente vital na vida das crianças. Pois quando a criança desenha, faz uma escultura ou dramatiza uma situação, transmite com isso uma parte de si mesma: nos mostra como sente, como pensa e como vê”.

Pelo desempenho que tive nas apresentações, fui convidado a trabalhar com o professor Rodembuch em sua empresa, Revista Cartaz. Além da edição da revista, fazíamos produção de eventos e animação de festas.

Nessa convivência com a arte foi que conheci a pantomima- do grego “a arte de fazer mímica”. Pantomima é um teatro gestual que faz o menor uso possível de palavras e o maior uso de gestos através da mímica. É a arte de narrar com o corpo. É uma modalidade cênica que se diferencia da expressão corporal e da dança, basicamente é a arte objetiva da mímica (Wikipédia).

Foi paixão a primeira vista. Eu precisava saber mais sobre essa arte. Nos anos 80 ainda não existiam plataformas de pesquisa como youtube e outras, precisávamos garimpar películas raras em videotecas públicas, passar dias inteiros pegando rolos de filmes e verificar se encontrava algo que desse para aproveitar.

Eu, jovem morando em Campo Bom, aproximadamente 50 km. de Porto Alegre, fiquei sabendo de um curso de Pantomima em uma academia na capital, ministrado por um mímico Argentino famoso na época chamado Jam, não tive dúvidas, arrecadei os trocados e fui fazer o curso. Era à noite, no horário de término do curso já não tinha mais como voltar pra casa de ônibus. Eu também não tinha verba para ficar em hotel. Resultado, passava o restante da noite na rodoviária esperando até às 5 horas da manhã, quando saia o primeiro ônibus e retornar pra casa. Nesse curso foram quatro aulas no período noturno e sempre era esse desafio.

Não era fácil, mas a paixão faz isso, a gente não mede as consequências quando está apaixonado, eu seria mímico a qualquer custo, gostava da beleza e da leveza dos movimentos, que diziam uma história sem falar nada. O corpo era quem falava.

Mímico Lilo Dorneles – apresentação no programa de TV Tonny Show.

Com as técnicas aprendidas e as pesquisas realizadas montei um espetáculo de pantomima. Passei a treinar, ensaiar todos os dias, na casa da cultura de Campo Bom, espaço que me foi cedido pela secretária de Educação da época. Por dois anos apresentei profissionalmente esse espetáculo em muitas escolas. Lembro que naquele tempo eu não tinha carro e precisava me deslocar de ônibus carregando uma caixa de som pesada nas costas. Depois fiz parte do elenco do programa de televisão Tony Show no canal 2 TV Guaíba e isso foi um momento muito especial profissionalmente.

O bacana é que toda essa caminhada foi de suma importância para o que faço hoje. Serviu como exercício de evolução humana, embora continue incessantemente,  na busca de novas descobertas.

Quando jovem, sempre fui um sujeito muito fechado e tímido, com muitas dificuldades de comunicação. E o teatro, entretanto, exerceu uma função terapêutica bastante eficaz, provocando uma transformação na minha vida. Segundo Reverbel, as atividades de expressão propostas às crianças ou aos adolescentes auxiliam o desenvolvimento de sua capacidade de observação, percepção, imaginação, entre outras funções de sua personalidade como a auto-confiança, auto-estima, potencial criativo e crítico, desenvolvendo ainda, conforme citado por Reverbel, “condições e habilidades importantes para a apreciação de um quadro, escultura, espetáculo ou música”. (1989, p. 22)

Por questões financeiras, para viver da arte era necessário atuar em várias frentes. Aí então, outra grande paixão que foi o trabalho de palhaço, iniciado na revista Cartaz com o Fernando, onde fazíamos animação de festas e recreação em grandes eventos, empresas, apresentações em escolas e aniversários infantis, o que era feito geralmente com o grupo de palhaços da Turma do Pirulito. Após algum tempo nessa equipe, resolvi montar o próprio elenco, Batizamos o grupo de Companhia Firulim.

Éramos uma turma de jovens que gostava de arte e de aventura. Treinávamos a arte do palhaço e vendíamos as apresentações. Com esse grupo organizei e dirigi um espetáculo, que além de divertido e prazeroso, era lucrativo. Cada viagem era uma aventura. No início não tínhamos condução própria, então locávamos uma Kombi e viajávamos apertadinhos, por vezes a noite toda até chegar ao local do evento. Mas a animação era garantida.

Para dar conta dessa atividade foi preciso ir à busca de informação, estudar e pesquisar essa arte. Prossegui a caminhada nessa busca, participando de vários cursos sobre a arte da recreação, expressão corporal, pantomima, teatro, musicalização e atuação infantil.  Alguns anos atuando nessa arte e foi possível acumular uma bagagem importante de experiências e conhecimentos ao animar e divertir públicos de vários níveis sociais e faixas etárias.

A inquietação por novas descobertas aliadas à necessidade de se renovar e inovar sempre para ter diferencial, motivou-me resgatar outro sonho de infância e que possivelmente, passa pela cabeça e pelo coração de toda a criança: tornar-me MAGICO.

Porém, logo fica claro que desmistificar essa arte não se dará de uma forma mágica, devido a todo o mistério que a envolve e muitos segredos que os mágicos guardam a “sete chaves”. Com persistência, segui em busca de aprendizado nessa arte, conhecendo alguns profissionais e provocando aproximação para que, com paciência, demonstrar seriedade, necessária a quem vai ser confiado “um grande segredo”.

Primeiro o mágico Tony, com o qual trabalhei na televisão. Ele tinha uma loja de mágicas em Porto Alegre, no viaduto da Borges. Eram números básicos para iniciantes. Adquiri as primeiras mágicas e bastou para começar uma caminhada. Em seguida Tony me apresentou ao Marbel, um grande Mágico, pesquisador da arte e fabricante de equipamentos para profissionais. Foi a partir daí que a arte da ilusão fez morada em minha vida.

Incrível como a mágica desafia a nossa capacidade de raciocínio e provoca nas pessoas a sensação de que o mágico é alguém com poderes especiais, quando na verdade, o que se tem é o domínio de múltiplas habilidades, para chegar a um efeito mágico, ou seja, provocar uma ilusão no olhar das pessoas.

Pois o mágico precisa acima de tudo “[…] acreditar em sua mágica e agregar em sua prática habilidades utilizadas em outras artes, para se tornar um grande artista e proporcionar a melhor apresentação a seu público” (DORNELES, 2005, p.45).

Nessa caminhada, participando de vários festivais e clínicas de mágicas, aprendi muito com Joe Marbel, sentindo-me integrado ao meio, passei a organizar um festival internacional com mágicos convidados de vários países e estados, apresentações grandiosas e belíssimas, conferências sobre as mais variadas modalidades dessa arte, ocasionando troca de experiências entre os profissionais. Pude conquistar, dessa forma, um espaço e fazer novas descobertas rumo ao aprendizado artístico.

Seguindo as apresentações e espetáculos com o grupo de palhaços, que nessa fase já havia se transformado em empresa, tornei-me um artista mais “completo”, agregando ao espetáculo do grupo, técnicas do teatro, artes mágicas, música, expressão corporal, apresentação circense, pantomima e recreação, pois durante o show, o público era desafiado a brincar e interagir uns com os outros e com os artistas.

Durante essa caminhada, surge a oportunidade de trabalhar de forma sistemática com crianças e utilizar as habilidades desenvolvidas até então. Foi aí que iniciei um trabalho de recreação junto à creche FACICAB (Fundação Assistencial e Cultural das Indústrias de Campo Bom) permanecendo de 1987 até o final de 1988, trabalhando com crianças de 0 a 03 anos. Recebíamos bebês com 02 meses de idade e era um contato de muita magia, delicadeza e afeto, ao observar a fragilidade e a evolução de cada criança.

No ano de 1989, passei a atuar na Secretaria Municipal de Educação de Campo Bom, assessorando a professora Sônia Corrêa e com a função de desenvolver atividades lúdicas na formação continuada de professores, além de atividades recreativas e artísticas com alunos. Nesse trabalho atendíamos alunos de 2 meses a 6 anos na educação infantil, de 6 a 14 anos em atividades extra-classe, na época as instituições eram chamadas de CEBEM (Centro do Bem Estar do Menos) e de 8 a 18 anos em atendimento a crianças e adolescentes em situação de rua. Trabalho este que tive o privilégio de implantar e dar continuidade até 1996, sendo fonte de muito aprendizado e desafios constantes.  Nesse tempo, pude colocar em prática diversos projetos e ideias interessantes, envolvendo esse público e seus familiares. Mas, foi marcante poder mostrar uma realidade diferente aos meninos que viviam na rua se drogando e cometendo crimes. Muitos deles se encaminharam na vida, passaram a trabalhar e constituíram famílias. E isso, é mais uma prova do poder da educação.

Sempre pautei os trabalhos que realizei até então, numa perspectiva lúdica, buscando uma relação de aprendizado, de reflexão e de alegria. O trabalho na educação municipal estendeu-se até o ano de 1996, sendo que paralelo a essas atividades, o grupo de palhaço continuava realizando apresentações nos finais de semana.

Como desafio é algo que passa a ser uma necessidade em minha história, resolvi montar uma loja de brinquedos, fornecendo uma grande variedade de jogos e objetos lúdicos, desde os pedagógicos até os eletrônicos de última geração na época. Eu sentia um prazer enorme nas viagens para compras da loja.

Em visitas aos atacados e fábricas de brinquedos, sentia-me como criança com possibilidade de adquirir todos os brinquedos que nunca pudera ter na infância.

Depois veio mais uma crise econômica no país, a invasão dos importados e o advento dos produtos e lojas de R$ 1,99 que tornaram o negócio muito difícil. Optei, então, por encerrar essa atividade, ficando daí o aprendizado e a carência de brinquedos da infância resolvida. Porém, os shows e espetáculos continuavam indo muito bem.

Nessa época, eu recebia os primeiros convites para dividir as minhas experiências com professores de alguns municípios, durante os momentos de formação desses profissionais, desenvolvendo temas como recreação, expressão, dramatização e o lúdico como proposta pedagógica. Através desses temas, a sugestão era ensinar brincando e por meio das atividades práticas, resgatar nos educadores a arte da ludicidade.

Mais tarde essas experiências foram registradas em dois livros e dois CDs com músicas para brincar, esse material está disponível até o presente momento.

O trabalho em formação continuada de professores começou a crescer cada vez mais, extrapolando os limites do Rio Grande do Sul, os convites começaram a surgir também de Santa Catarina e Paraná.

A magia da vida está sempre disposta a nos surpreender e oportunizar mudanças. A cada instante surgem escolhas que precisamos fazer e que muitas vezes provocam grandes transformações.

Foi num desses eventos para professores, no estado do Paraná, que o encantamento se deu mais uma vez. Das 150 pessoas que participavam do curso na época, no ano de 1999, um brilho diferente surgiu no olhar. Ela estava lá. Aquela que seria parceira de espetáculo, de aprendizagem, de ensino, de amor e de alegria. Era hora de formar família e a Lia foi a mulher especial que Deus escolheu e colocou ao meu lado. Casamos e temos uma família linda.

O sonho da faculdade estava sempre presente, porém, as dificuldades financeiras adiavam esse acontecimento. E a formação universitária, além de um sonho, passou a ser uma necessidade e claro, a Lia deu um grande empurrão para que isso acontecesse. A dúvida circulava entre Pedagogia, Educação Física ou Artes Dramáticas.

Optei por Pedagogia, pois a certeza que a educação era um campo apaixonante dava tranquilidade para decidir.

Compreendi que o conhecimento teórico para aplicar e fundamentar as habilidades e experiências adquiridas nessas aventuras artísticas era muito importante. Como foi uma decisão e uma escolha serena e madura, conquistei bom conhecimento através do curso. Depois vieram algumas especializações, pós-graduações e a segunda formação em letras.

O trabalho com formação continuada em educação tem sido a função principal em que me encontro envolvido e apaixonado. Além de continuar atuando com professores, alunos, famílias e empresas, realizando palestras, shows, utilizando mágicas, músicas e brincadeiras, resgatando valores, autoestima e motivação para esse público.

Através desses trabalhos, tenho participado de eventos educacionais em diversos estados e cidades do nosso país, além de alguns lugares nos países vizinhos, como Paraguai e Argentina, vislumbrando um campo amplo e desafiador, cheio de possibilidades, riscos e oportunidades para descobertas profissionais, acreditando muito na alegria de ensinar e no prazer de aprender. A Arte Mágica continua sendo aplicada como metáfora criativa e lúdica, para refletir a grandiosidade dessa magia especial, que a educação faz, que é transformar vidas.

 

SEMINÁRIO DE RECREAÇÃO INFANTIL – A arte de ensinar brincando

SEMINÁRIO DE RECREAÇÃO INFANTIL

A arte de ensinar brincando

As crianças e adolescentes de hoje, de forma geral, não sabem mais brincar. Tire-lhes os aparelhos eletrônicos e ficarão perdidos, sem saber o que fazer.

Segundo Garanhani (2002), o corpo em movimento constitui a matriz básica da aprendizagem infantil. Onde articular desafios, habilidades diversas e múltiplas, com movimentos expressivos e produção de variações de ideias já conhecidas, destravam processos criativos.

Como elemento integrador de um grupo, ou de uma equipe, o brincar pode ser o elo saudável que materializa a aproximação entre todos,

(…) é a brincadeira que é universal e que é a própria saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser a forma de comunicação na psicoterapia; finalmente, a psicanálise foi desenvolvida como forma altamente especializada do brincar, a serviço da comunicação consigo mesmo e com os outros. (WINNICOTT, 1975.p.63)

OBJETIVO DO CURSO

Exercitar o desenvolvimento integral  e humano, através de atividades  lúdicas e vivências sócio-afetivas, consolidando a alegria e o prazer de ensinar e aprender.  

PÚBLICO ALVO Professores pré-escolares e Ensino Fundamental; Recreacionistas; Estudantes de Magistério,  Acadêmicos dos Cursos de Ed. Física e Pedagogia.

  • Todos os profissionais que participaram desse curso, relataram que a mudança em suas metodologias foi imediata. As ideias trabalhadas no curso poderão ser aplicadas rapidamente, com as mais variadas idades.

REALIZAÇÃO

  • Dia: 17 de março (sábado)
  • Horário: 8h às 17h – Com coffe break e intervalo para o almoço.
  • Local: UNIP FOZ, Jardim Lancaster

MINISTRANTE: Professor Lilo Dorneles
Pedagogo – Pós em Filosofia – 2ª graduação em Letras – Provisionado em Educ. Física CREF/2 RG 3042- Foi assessor da Educação Infantil na SMEC de Campo Bom de 1989 a 1996 – Professor de Educação Infantil na FACICAB em Campo Bom – Ajudou Fundar e foi Coordenador do Espaço Lúdico Semente Mágica – Pesquisador e Escritor de 3 livros sobre o tema e dois CDs com músicas para brincar, fazendo um resgate do folclore infantil.

 

INSCRIÇÕES:

CLIQUE AQUI E SE INSCREVA AGORA.

Investimento: 

  • R$ 55,00 A vista
  • Ou parcelado no cartão de crédito em até 10 X. ONLINE Pela SYMPLA.POUQUÍSSIMAS VAGAS… APROVEITE AGORA E TORNE-SE UMA PROFISSIONAL DIFERENCIADA.

O QUE VAMOS APRENDER NESSE CURSO…

  • Recreação, brincadeiras diversas e jogos folclóricos,
  • Resgatando os valores e a riqueza da ludicidade,
  • Atividades recreativas para festas, aulas, evangelização e diversão,
  • A arte mágica e a música como diferenciais para surpreender e encantar,
  • Músicas com movimentos e expressão corporal.
  • A motivação e o entusiasmo na animação,
  • 70% prático e 30% fundamentação teórica.

Será concedido Certificado de 10 horas aos participantes.

SERÁ QUE ESSE CURSO É PARA VOCÊ?

Imagine alunos e professores sorrindo ativamente, aproveitando o espaço disponível, tanto dentro da escola, como no pátio da mesma.

Imagine os alunos das escolas em pleno aprendizado enquanto brincam de rodas, todos de mãos dadas, sendo animados por você e manifestando a alegria na sua aula.

Visualize-se resgatando o folclore infantil em jogos muito divertidos, simples e prazerosos, onde além do conteúdo planejado, atingindo as diversas áreas do conhecimento, estarão sendo desenvolvidos saberes não contabilizáveis, como os valores humanos e os princípios que estão ficando esquecidos no tempo. Como respeito e tolerância ao outro, capacidade de negociação e diálogo, lidar com frustrações, perdas e recomeços. Capacidade de tomar decisões rapidamente e encontrar alternativas criativas.

Tudo isso, aprendendo de forma prática, através dos movimentos do corpo inteiro de forma integral, holística e plenamente lúdica.

  • Informações:  LILO DORNELES
  • Fone:  whatsapp: 45 99977 8237- facebook/lilodorneles

VAMOS PASSAR UM DIA INTEIRO DE MUITO APRENDIZADO – ALEGRIA – TROCA DE CONHECIMENTO – CONTEÚDO PARA APLICAR DE FORMA IMEDIATA. POIS APRENDER FAZENDO É A MELHOR FORMA DE APRENDER.

BÔNUS AOS PARTICIPANTES.

  • Acesso gratuito ao nosso site de conteúdos
  • Aquisição dos livros e CDs com excelente desconto.
  • Participação do grupo fechado no Facebook para troca de experiências
  • Tira dúvidas pelo whatsapp durante o próximo mês.
  • Certificado de 10 horas.

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Você poderá pagar em até 10 vezes no cartão de crédito pela Plataforma SYMPLA online.
Investimento pequeno para ter diferenciais em sua profissão.

O QUE IMPEDIRÁ VOCÊ DE INVESTIR  UM SÁBADO NA SUA PROFISSÃO E TER CONTEÚDO PARA TRABALHAR O ANO TODO? 

Experimentar na prática cada atividade e cada ideia, é ter a segurança de que vai dar certo com a sua turma. 

VEM COM A GENTE NÃO FIQUE DE FORA DESSA…

Observação:

TRAZER: material de anotação. Todos devem vir com roupas e calçados esportivos e confortáveis

Nada mais sério do que uma criança brincando. (Claparede) É lindo de ver a luz que irradia do sorriso das crianças enquanto estão brincando.

EDUCAÇÃO INFANTIL

EDUCAÇÃO INFANTIL

4 pilares fundamentais, para que a Educação Infantil tenha significado de fato na caminhada educacional humana, como base sólida, despertando e fortalecendo o desejo pelo aprender, utilizando a principal ferramenta da infância. O BRINCAR.

A introdução de brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil depende de condições prévias:

1. Aceitação do brincar como um direito da criança;
2. Compreensão da importância do brincar para a criança, vista como um ser que precisa de atenção, carinho, que tem iniciativas, saberes, interesses e necessidades;
3. Criação de ambientes educativos especialmente planejados, que ofereçam oportunidades de qualidade para brincadeiras e interações;
4. Desenvolvimento da dimensão brincalhona da professora. (Min. da Educ.)

Ainda que o brincar possa ser considerado um ato inerente à criança, exige um conhecimento, um repertório que ela precisa aprender. Nesse sentido, a ação e o planejamento intencional dos professores faz toda a diferença.

PORQUE AS CRIANÇAS ESTÃO BRINCANDO CADA VEZ MENOS???

Será uma grande honra apresentar mais detalhes acerca desse tema para a sua EQUIPE. Curso 70% de prática e 30% teórico.
CARGA HORÁRIA: Um dia inteiro ou a combinar.

www.educareumexerciciomagico.com.br
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