UMA HISTÓRIA  DE MUDANÇAS, DESAFIOS E CONQUISTAS

 

 

[…] O homem é um ser histórico; move-se na ordem da perpetuação. Essa perpetuação não termina com a reprodução do indivíduo, mas prossegue pela transmissão do conhecimento, que é também transmissão de formas de ser, de formas de crer. Portanto, o simbólico se transmite ao mesmo tempo que o conhecimento dito ‘científico’. Assim, transmitimos uma realidade cultural dentro da escola. (PAIN, 1995, p.22)

A caminhada cotidiana define a nossa história, que para além do passado, vai sendo construída a cada dia, a cada instante. Descobrimos novos caminhos, transformamos outros e o ciclo continua sendo exercitado durante toda existência, podendo acontecer de maneiras diversas de acordo com os sujeitos que participam de cada momento. Nossas ações, intervenções, construções se unem a outras ações, formando novas histórias e definindo novos caminhos, nesse processo, a mudança é uma constante e uma certeza.

A história da minha infância, adolescência e vida adulta se faz através de um processo dinâmico de mudanças. Vivendo no interior do estado do Rio Grande do Sul, foram diversas experiências, escassez, superação, aprendizados e conquistas. Na primeira infância, entre os anos 1966 e 70 e poucos… Experimentei um tempo em que hoje é até difícil imaginar. Como era possível viver sem luz elétrica, sem geladeira e sem banheiros? Não se tinha comunicação instantânea, os recados eram por carta e demoravam muito a chegar. A carência de alimentos e roupas eram grandes. Televisão? Não sabíamos o que era… Quando muito, havia um radinho de pilhas em ondas curtas. Telefone só tinha um para a cidade e era a manivela. Os livros eram coisa rara.

Todas essas dificuldades e privações, forjaram a persistência, força de vontade e a descoberta de que cada situação da vida, tem-se muito a agradecer e manter a esperança de que novos tempos virão.

Ainda era criança, vivia no então distrito de Derrubadas RS, hoje uma linda cidade, terra do Salto do Yucumâ, a maior queda d’água longitudinal do planeta. Nesse lugar, na maioria das vezes com os pés descalços, acompanhava os pais na lavoura. Ali os tocos de árvores caídas, conchas de caramujo e pedras diferentes eram motivo de alegria e mil histórias.

Chegando a hora de iniciar os estudos, fui acolhido no Grupo Escolar Getúlio Vargas, Dona Genira era a diretora, uma senhora elegante e séria, todos a respeitavam muito. Nesse tempo começou a grande mágica de transformação da vida. Conheci a primeira professora, a chamávamos de Irmã Maria, uma freira, muito afetuosa, amorosa e eficaz em seu trabalho. Em pouco tempo me alfabetizou e marcou tanto a minha vida que nunca mais a esqueci. Falarei mais sobre ela adiante.

Depois a mudança para o Alto da Bela Vista, uma comunidade cheia de morros e terras difíceis de cultivar, mas com gente acolhedora, amável e que cuidavam uns dos outros. Morávamos em uma pequena casinha de madeira ao pé do morro, bebíamos água da fonte, essa mesma fonte que servia de geladeira para resfriar bebidas, e frutas, bastava deixar um tempo mergulhado na água límpida e fria.

Acordávamos bem cedo com o canto dos pássaros, da saracura e dos galos. O trabalho era pesado, mas uma coisa deliciosa de se fazer, era sentar em uma pedra lá no alto do morro e ficar olhando o horizonte, era uma paisagem poética ver lá em baixo o “cotovelo” do Rio Turvo, com suas águas sempre de cor marrom.

Aproveitava os finais de semana e o tempo livre para brincar de forma saudável com os amigos, correr pelos campos, escorregar na grama e muita conversa.

Lembro-me quando construíamos nossos próprios brinquedos, fazendo carros e caminhões com pedaços de madeira e carretel de linha, além de vários outros itens utilizados, tudo isso, fez com que a infância fosse marcante na minha história.

Desde cedo, o trabalho intenso no campo para ajudar os pais, era natural e algo que já estava imbricado na cultura, vinha sempre em primeiro lugar. Trabalho/ estudos e só então, o tempo do lazer e diversão.

Nessa época, a paixão por aprender e estudar era grande. Talvez uma compreensão subjetiva de que a possibilidade de mudança nessa caminhada passaria pela educação.

Mas as dificuldades de se viver e estudar no interior do estado eram enormes. Grandes distâncias a serem percorridas a pé até chegar à escola, pois não se tinha transporte escolar. Enfrentávamos por vezes a chuva e muito frio, ou então calor e sol escaldante. Uma escola multiseriada e sem estrutura, não oferecia a continuação dos estudos, indo somente até a quinta série. Essas condições acabaram provocando uma interrupção nos estudos, o que foi retomado só alguns anos depois.

Porém, no tempo livre, o espaço das brincadeiras sempre foi garantido e preservado. Naquela época, não tínhamos meios tecnológicos, brinquedos eletrônicos, mídia televisiva, mídias sociais, vida online e outros tantos vícios que invadem a infância de hoje, era preciso garantir e construir nossa própria ludicidade. Isso acontecia junto à natureza, campos, riachos, árvores, pátio da casa e do lugar onde vivíamos, fez e faz sentido até hoje, nas múltiplas habilidades profissionais que consegui desenvolver.

Era fase da adolescência, entre os 13 e 14 anos de idade, a família migrou para periferia da grande Porto Alegre capital do estado. Venho de família grande, mãe, pai e oito irmãos, com a necessidade de auxiliá-los, foi preciso partir para o mercado de trabalho nas indústrias desde muito cedo para dar conta da sobrevivência.

Nesse período, com esforço pelo próprio trabalho, foi possível a aquisição de um violão e com a orientação de alguns amigos, iniciei a aprendizagem musical, o que acabou não avançando.

Enfrentávamos uma crise de oportunidades de trabalho na grande Porto Alegre e seguindo dicas de alguns amigos e viajei para Campo Bom, praticamente só com o dinheiro da passagem. A cidade está localizada no vale do Rio dos Sinos e na época fazia parte de um grande polo calçadista que se estendia por toda aquela região.

A fabricação de calçados absorvia muita mão de obra e por isso, havia emprego em abundância. Todos diziam que era lugar de prosperidade e crescimento, isso se confirmou. Comecei trabalhar nas fábricas de calçados e fiquei longo tempo sem voltar pra casa. A família estava muito preocupada, pois não tínhamos comunicação instantânea na época. Enfim, o primeiro salário e a possibilidade de visitá-los e contar as novidades. Não demorou a todos me seguirem e mudar para essa cidade.

Nesse período retomei os estudos na Escola Estadual Ildefonso Pinto. E foi aí que o teatro entrou na minha vida. A oportunidade foi oferecida pela escola, para os alunos da sexta a oitava série do ensino fundamental noturno, uma oficina organizada por iniciativa da professora Yolanda de Português. Ela se preocupava com o fato dos alunos noturnos trabalharem tanto e não terem alternativas culturais. O que os deixava limitados no exercício do pensar e refletir o seu modo de vida.

Novamente a escola foi presença forte, decisiva e mágica na minha história. Pela intervenção da professora Yolanda, outra grande mudança aconteceu. Fica a certeza do quanto o olhar e a ação de uma professora com um propósito grandioso, que almeja deixar um legado, têm sim o poder mágico de transformar e empoderar os alunos. Ela era de Português, mas usou a arte para articular esse efeito.

A professora Yolanda nos contou o seu sonho com tanto entusiasmo e brilho no olhar que nos contagiou positivamente. Convidou o ator hamburguense Luis Fernando Rodembuch para conversar sobre teatro com os alunos. Ficamos todos encantados e queríamos começar imediatamente. Combinamos que as aulas seriam aos sábados e cada um pagaria uma mensalidade para o então professor. Depois de longo tempo de preparação e exercícios de laboratório, surgiu o Grupo de Teatro “Também, mas não só” que montou a peça “Missão quase impossível”, uma comédia muito divertida. O grupo participou de festivais, foi premiado e fez diversas apresentações na região.

Lilo e Noeli, em uma das cenas do espetáculo “Missão Quase Impossível” Grupo “Também mas não só”.

Percebi que esse era o caminho eu que seguiria por algum tempo, pois me apaixonei pela arte de representar. Precisei fazer a escolha entre crescer profissionalmente nas indústrias calçadistas, ou seguir a arte. Optei pela segunda. Conforme Reverbel (1989, p. 21), “a arte desempenha um papel extremamente vital na vida das crianças. Pois quando a criança desenha, faz uma escultura ou dramatiza uma situação, transmite com isso uma parte de si mesma: nos mostra como sente, como pensa e como vê”.

Pelo desempenho que tive nas apresentações, fui convidado a trabalhar com o professor Rodembuch em sua empresa, Revista Cartaz. Além da edição da revista, fazíamos produção de eventos e animação de festas.

Nessa convivência com a arte foi que conheci a pantomima- do grego “a arte de fazer mímica”. Pantomima é um teatro gestual que faz o menor uso possível de palavras e o maior uso de gestos através da mímica. É a arte de narrar com o corpo. É uma modalidade cênica que se diferencia da expressão corporal e da dança, basicamente é a arte objetiva da mímica (Wikipédia).

Foi paixão a primeira vista. Eu precisava saber mais sobre essa arte. Nos anos 80 ainda não existiam plataformas de pesquisa como youtube e outras, precisávamos garimpar películas raras em videotecas públicas, passar dias inteiros pegando rolos de filmes e verificar se encontrava algo que desse para aproveitar.

Eu, jovem morando em Campo Bom, aproximadamente 50 km. de Porto Alegre, fiquei sabendo de um curso de Pantomima em uma academia na capital, ministrado por um mímico Argentino famoso na época chamado Jam, não tive dúvidas, arrecadei os trocados e fui fazer o curso. Era à noite, no horário de término do curso já não tinha mais como voltar pra casa de ônibus. Eu também não tinha verba para ficar em hotel. Resultado, passava o restante da noite na rodoviária esperando até às 5 horas da manhã, quando saia o primeiro ônibus e retornar pra casa. Nesse curso foram quatro aulas no período noturno e sempre era esse desafio.

Não era fácil, mas a paixão faz isso, a gente não mede as consequências quando está apaixonado, eu seria mímico a qualquer custo, gostava da beleza e da leveza dos movimentos, que diziam uma história sem falar nada. O corpo era quem falava.

Mímico Lilo Dorneles – apresentação no programa de TV Tonny Show.

Com as técnicas aprendidas e as pesquisas realizadas montei um espetáculo de pantomima. Passei a treinar, ensaiar todos os dias, na casa da cultura de Campo Bom, espaço que me foi cedido pela secretária de Educação da época. Por dois anos apresentei profissionalmente esse espetáculo em muitas escolas. Lembro que naquele tempo eu não tinha carro e precisava me deslocar de ônibus carregando uma caixa de som pesada nas costas. Depois fiz parte do elenco do programa de televisão Tony Show no canal 2 TV Guaíba e isso foi um momento muito especial profissionalmente.

O bacana é que toda essa caminhada foi de suma importância para o que faço hoje. Serviu como exercício de evolução humana, embora continue incessantemente,  na busca de novas descobertas.

Quando jovem, sempre fui um sujeito muito fechado e tímido, com muitas dificuldades de comunicação. E o teatro, entretanto, exerceu uma função terapêutica bastante eficaz, provocando uma transformação na minha vida. Segundo Reverbel, as atividades de expressão propostas às crianças ou aos adolescentes auxiliam o desenvolvimento de sua capacidade de observação, percepção, imaginação, entre outras funções de sua personalidade como a auto-confiança, auto-estima, potencial criativo e crítico, desenvolvendo ainda, conforme citado por Reverbel, “condições e habilidades importantes para a apreciação de um quadro, escultura, espetáculo ou música”. (1989, p. 22)

Por questões financeiras, para viver da arte era necessário atuar em várias frentes. Aí então, outra grande paixão que foi o trabalho de palhaço, iniciado na revista Cartaz com o Fernando, onde fazíamos animação de festas e recreação em grandes eventos, empresas, apresentações em escolas e aniversários infantis, o que era feito geralmente com o grupo de palhaços da Turma do Pirulito. Após algum tempo nessa equipe, resolvi montar o próprio elenco, Batizamos o grupo de Companhia Firulim.

Éramos uma turma de jovens que gostava de arte e de aventura. Treinávamos a arte do palhaço e vendíamos as apresentações. Com esse grupo organizei e dirigi um espetáculo, que além de divertido e prazeroso, era lucrativo. Cada viagem era uma aventura. No início não tínhamos condução própria, então locávamos uma Kombi e viajávamos apertadinhos, por vezes a noite toda até chegar ao local do evento. Mas a animação era garantida.

Para dar conta dessa atividade foi preciso ir à busca de informação, estudar e pesquisar essa arte. Prossegui a caminhada nessa busca, participando de vários cursos sobre a arte da recreação, expressão corporal, pantomima, teatro, musicalização e atuação infantil.  Alguns anos atuando nessa arte e foi possível acumular uma bagagem importante de experiências e conhecimentos ao animar e divertir públicos de vários níveis sociais e faixas etárias.

A inquietação por novas descobertas aliadas à necessidade de se renovar e inovar sempre para ter diferencial, motivou-me resgatar outro sonho de infância e que possivelmente, passa pela cabeça e pelo coração de toda a criança: tornar-me MAGICO.

Porém, logo fica claro que desmistificar essa arte não se dará de uma forma mágica, devido a todo o mistério que a envolve e muitos segredos que os mágicos guardam a “sete chaves”. Com persistência, segui em busca de aprendizado nessa arte, conhecendo alguns profissionais e provocando aproximação para que, com paciência, demonstrar seriedade, necessária a quem vai ser confiado “um grande segredo”.

Primeiro o mágico Tony, com o qual trabalhei na televisão. Ele tinha uma loja de mágicas em Porto Alegre, no viaduto da Borges. Eram números básicos para iniciantes. Adquiri as primeiras mágicas e bastou para começar uma caminhada. Em seguida Tony me apresentou ao Marbel, um grande Mágico, pesquisador da arte e fabricante de equipamentos para profissionais. Foi a partir daí que a arte da ilusão fez morada em minha vida.

Incrível como a mágica desafia a nossa capacidade de raciocínio e provoca nas pessoas a sensação de que o mágico é alguém com poderes especiais, quando na verdade, o que se tem é o domínio de múltiplas habilidades, para chegar a um efeito mágico, ou seja, provocar uma ilusão no olhar das pessoas.

Pois o mágico precisa acima de tudo “[…] acreditar em sua mágica e agregar em sua prática habilidades utilizadas em outras artes, para se tornar um grande artista e proporcionar a melhor apresentação a seu público” (DORNELES, 2005, p.45).

Nessa caminhada, participando de vários festivais e clínicas de mágicas, aprendi muito com Joe Marbel, sentindo-me integrado ao meio, passei a organizar um festival internacional com mágicos convidados de vários países e estados, apresentações grandiosas e belíssimas, conferências sobre as mais variadas modalidades dessa arte, ocasionando troca de experiências entre os profissionais. Pude conquistar, dessa forma, um espaço e fazer novas descobertas rumo ao aprendizado artístico.

Seguindo as apresentações e espetáculos com o grupo de palhaços, que nessa fase já havia se transformado em empresa, tornei-me um artista mais “completo”, agregando ao espetáculo do grupo, técnicas do teatro, artes mágicas, música, expressão corporal, apresentação circense, pantomima e recreação, pois durante o show, o público era desafiado a brincar e interagir uns com os outros e com os artistas.

Durante essa caminhada, surge a oportunidade de trabalhar de forma sistemática com crianças e utilizar as habilidades desenvolvidas até então. Foi aí que iniciei um trabalho de recreação junto à creche FACICAB (Fundação Assistencial e Cultural das Indústrias de Campo Bom) permanecendo de 1987 até o final de 1988, trabalhando com crianças de 0 a 03 anos. Recebíamos bebês com 02 meses de idade e era um contato de muita magia, delicadeza e afeto, ao observar a fragilidade e a evolução de cada criança.

No ano de 1989, passei a atuar na Secretaria Municipal de Educação de Campo Bom, assessorando a professora Sônia Corrêa e com a função de desenvolver atividades lúdicas na formação continuada de professores, além de atividades recreativas e artísticas com alunos. Nesse trabalho atendíamos alunos de 2 meses a 6 anos na educação infantil, de 6 a 14 anos em atividades extra-classe, na época as instituições eram chamadas de CEBEM (Centro do Bem Estar do Menos) e de 8 a 18 anos em atendimento a crianças e adolescentes em situação de rua. Trabalho este que tive o privilégio de implantar e dar continuidade até 1996, sendo fonte de muito aprendizado e desafios constantes.  Nesse tempo, pude colocar em prática diversos projetos e ideias interessantes, envolvendo esse público e seus familiares. Mas, foi marcante poder mostrar uma realidade diferente aos meninos que viviam na rua se drogando e cometendo crimes. Muitos deles se encaminharam na vida, passaram a trabalhar e constituíram famílias. E isso, é mais uma prova do poder da educação.

Sempre pautei os trabalhos que realizei até então, numa perspectiva lúdica, buscando uma relação de aprendizado, de reflexão e de alegria. O trabalho na educação municipal estendeu-se até o ano de 1996, sendo que paralelo a essas atividades, o grupo de palhaço continuava realizando apresentações nos finais de semana.

Como desafio é algo que passa a ser uma necessidade em minha história, resolvi montar uma loja de brinquedos, fornecendo uma grande variedade de jogos e objetos lúdicos, desde os pedagógicos até os eletrônicos de última geração na época. Eu sentia um prazer enorme nas viagens para compras da loja.

Em visitas aos atacados e fábricas de brinquedos, sentia-me como criança com possibilidade de adquirir todos os brinquedos que nunca pudera ter na infância.

Depois veio mais uma crise econômica no país, a invasão dos importados e o advento dos produtos e lojas de R$ 1,99 que tornaram o negócio muito difícil. Optei, então, por encerrar essa atividade, ficando daí o aprendizado e a carência de brinquedos da infância resolvida. Porém, os shows e espetáculos continuavam indo muito bem.

Nessa época, eu recebia os primeiros convites para dividir as minhas experiências com professores de alguns municípios, durante os momentos de formação desses profissionais, desenvolvendo temas como recreação, expressão, dramatização e o lúdico como proposta pedagógica. Através desses temas, a sugestão era ensinar brincando e por meio das atividades práticas, resgatar nos educadores a arte da ludicidade.

Mais tarde essas experiências foram registradas em dois livros e dois CDs com músicas para brincar, esse material está disponível até o presente momento.

O trabalho em formação continuada de professores começou a crescer cada vez mais, extrapolando os limites do Rio Grande do Sul, os convites começaram a surgir também de Santa Catarina e Paraná.

A magia da vida está sempre disposta a nos surpreender e oportunizar mudanças. A cada instante surgem escolhas que precisamos fazer e que muitas vezes provocam grandes transformações.

Foi num desses eventos para professores, no estado do Paraná, que o encantamento se deu mais uma vez. Das 150 pessoas que participavam do curso na época, no ano de 1999, um brilho diferente surgiu no olhar. Ela estava lá. Aquela que seria parceira de espetáculo, de aprendizagem, de ensino, de amor e de alegria. Era hora de formar família e a Lia foi a mulher especial que Deus escolheu e colocou ao meu lado. Casamos e temos uma família linda.

O sonho da faculdade estava sempre presente, porém, as dificuldades financeiras adiavam esse acontecimento. E a formação universitária, além de um sonho, passou a ser uma necessidade e claro, a Lia deu um grande empurrão para que isso acontecesse. A dúvida circulava entre Pedagogia, Educação Física ou Artes Dramáticas.

Optei por Pedagogia, pois a certeza que a educação era um campo apaixonante dava tranquilidade para decidir.

Compreendi que o conhecimento teórico para aplicar e fundamentar as habilidades e experiências adquiridas nessas aventuras artísticas era muito importante. Como foi uma decisão e uma escolha serena e madura, conquistei bom conhecimento através do curso. Depois vieram algumas especializações, pós-graduações e a segunda formação em letras.

O trabalho com formação continuada em educação tem sido a função principal em que me encontro envolvido e apaixonado. Além de continuar atuando com professores, alunos, famílias e empresas, realizando palestras, shows, utilizando mágicas, músicas e brincadeiras, resgatando valores, autoestima e motivação para esse público.

Através desses trabalhos, tenho participado de eventos educacionais em diversos estados e cidades do nosso país, além de alguns lugares nos países vizinhos, como Paraguai e Argentina, vislumbrando um campo amplo e desafiador, cheio de possibilidades, riscos e oportunidades para descobertas profissionais, acreditando muito na alegria de ensinar e no prazer de aprender. A Arte Mágica continua sendo aplicada como metáfora criativa e lúdica, para refletir a grandiosidade dessa magia especial, que a educação faz, que é transformar vidas.