De acordo com Tolstoi, “A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.” É fundamental o resgate do respeito, do afeto, do carinho, sobretudo do amor verdadeiro nas famílias. Uma sociedade melhor começa em casa. Cabe aos líderes da família, no caso o pai e a mãe, a responsabilidade de administrar essa instituição. O que nem sempre é muito fácil. Há pessoas que são exímios gerentes, gestores de empresas e tem muitas dificuldades para dirigir a sua própria casa, a sua família, o que muitas vezes acaba falindo. Percebe-se que cada vez mais o ser humano se distancia do afeto, não sabendo como lidar com esse sentimento. E o afeto é a principal metodologia de administração da principal instituição da vida humana. A FAMÍLIA. Diferente de administrar um negócio, necessita de um profundo equilíbrio entre o coração e a razão.
Mesmo sendo parte uns dos outros, são seres muito diferentes convivendo intimamente, assim, por vezes não se compreendem não se conhecem e não conseguem lidar com os conflitos. Mesmo sendo famílias bem pequenas, composta por três pessoas em alguns casos, pai, mãe e um filho, não conseguem viver em harmonia e a turbulência toma conta das relações. A sociedade atual está em crise de paciência – ciência da paz – sentimento esse que é a base da compreensão entre sujeitos humanos, deixa se manipular pela pressa, mergulhando nas frustrações da velocidade no mundo pós-moderno e escutando cada vez menos uns aos outros.
O sentimento do egoísmo está em alta, “as minhas coisas…, o que eu tenho… os meus problemas…, o que eu faço…, o eu em primeiro lugar”, impede de compartilhar e permitir que o outro compartilhe as suas vivências, suas histórias e os seus saberes. Impede o olhar para o outro exercitando com sensibilidade a compreensão do seu momento e de suas necessidades. Muitos pais, não tem tempo nem para si, que dirá para os filhos. Assim, torna-se mais fácil fazer todas as vontades do que educar, pois educar demanda dedicação, tempo e vínculo. Produzindo com essa postura, um sujeito que não consegue viver em mundo real, com sérios problemas de comportamento e muitos conflitos nas relações humanas, pois o mundo de quem desenvolveu a cultura do ter tudo na hora que quer, sem regras, sem disciplina e tendo de uma forma ou de outra as vontades atendidas, não está de acordo com a realidade. Aquilo que num primeiro momento, para os pais, poderia ser algo bom para os filhos, mais tarde acaba se convertendo em dificuldades, sofrimentos e decepções.
O Art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente, lei 8069 de 1990, cita o seguinte: Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e Educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Portanto, cumprir com eficácia o papel de pai e mãe é lei, porém, o que deveria ser algo natural, com amorosidade, boa vontade e consciência, ainda precisa estar presente através de um artigo na legislação para que seja cumprido, evitando muitas vezes o abandono e o desleixo daqueles que deveriam proteger, cuidar e educar. Portando, ensinar os limites para as crianças também é um gesto de amor, dar carinho e afeto é obrigação, é o papel dos pais.
Ensinar os filhos para serem vencedores, superar desafios com coragem e garra, não para serem melhores do que os outros, mas para que saibam usar da melhor maneira possível os seus próprios potenciais e habilidades, mesmo com todos os desafios que o dia a dia reserva, também fazem parte das tarefas dos progenitores. Prepará-los para que tenham consciência critica, saibam dizer não quando necessário e orientá-los é sempre o melhor caminho. A insegurança está em todos os lugares, os jovens naturalmente são ousados e muitas vezes o desafio de transgredir as regras passa ser fonte de superação e prazer.
A competitividade egoísta é o comportamento que impera e passa ser estimulado na sociedade, a mídia que entra diariamente nos lares, muda a cultura e os valores das pessoas, cria novas necessidades e convence os que não tem maturidade critica dos modismos que invadem as vidas, com um grande apelo visual, de forma sedutora e criando vícios e dependências precoces.
Quando as crianças dessas realidades não têm os seus desejos atendidos, sentem a frustração por não ter soluções fáceis para suas “necessidades”, buscando o refúgio nas drogas, nos furtos ou no crime. Portanto, Dialogar e compartilhar os desejos, sonhos, medos, conquistas, desafios, compromissos e responsabilidades. Trocar experiências, realizar atividades junto às crianças, na escola e em casa, construir laços de amizade e companheirismo para superar obstáculos e celebrar a vida é o melhor caminho para a família. Queremos uma sociedade melhor, pois é preciso começar em nossos corações e em seguida dentro de nossas casas. (Lilo Dorneles)
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